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Preso em São Paulo um dos autores de massacre em Madri em 1977

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O espanhol Carlos García Juliá, condenado a 193 anos de prisão por ser um dos autores de atentado a um escritório de advocacia em Madri, em 1977, foi preso nesta quarta-feira (5) em São Paulo por agentes da Polícia Federal (PF), a pedido da Interpol. A Superintendência da PF e policiais espanhóis que participaram da operação darão entrevista coletiva amanhã (7) para falar sobre o caso e a possível extradição de Juliá, de acordo com fontes da Embaixada da Espanha em Brasília.

Considerado terrorista de direita, Juliá, de 65 anos, tinha 24 quando cometeu o atentado a tiros em um escritório de advogados trabalhistas e de militantes do ainda ilegal Partido Comunista da Espanha. Ele e o cúmplice, José Fernández Cerra, foram condenados pela Audiência Nacional do país a 193 anos de prisão como autores materiais de cinco assassinatos no local.

Em comunicado, a Polícia Federal informou que havia descoberto que Juliá estava morando no Brasil e usando identidade falsa e passou a investigar seu paradeiro por intermédio de seus policiais que atuam na Interpol. “Iniciaram-se diligências para localizar o procurado, tendo sido identificada uma possível residência na capital paulista. Ele foi identificado e preso no início da noite de ontem [5] no bairro da Barra Funda”, diz a nota da PF.

As fontes da embaixada espanhola consultadas pela EFE não confirmaram se já foi solicitada ao governo brasileiro a extradição do terrorista. No ano passado, no entanto, a Audiência Nacional atualizou, no Ministério da Justiça da Espanha o pedido de extradição de Juliá, que tinha sido enviado ao governo da Bolívia, onde se supunha que ele estaria foragido.

O terrorista, que pertencia à Falange e a outros grupos ultradireitistas, estava fora da Espanha desde 1994, quando, após ter cumprido 14 anos de pena, recebeu autorização para deixar a prisão e viajou para o Paraguai. A decisão foi revogada pouco depois, e a Espanha ordenou o retorno imediato de Juliá para terminar de cumprir a condenação, mas ele desapareceu.

Dois anos depois foi detido na Bolívia, acusado de tráfico de drogas e de financiamento de grupos paramilitares.

Em 24 de janeiro de 1977, em pleno processo de transição democrática na Espanha, após o fim da longa era Francisco Franco no poder, os dois atiradores invadiram o escritório de advocacia supostamente em busca do dirigente comunista Joaquín Navarro, que era secretário-geral do Sindicato dos Transportes da confederação sindical Comissões Operárias. Ele tinha sido responsável pela convocação de greves que contribuíram para acabar com uma máfia franquista no transporte público.

No escritório, a dupla matou a tiros os advogados Enrique Valdelvira, Javier Sauquillo e Luis Javier Benavides, o estudante de direito Serafín Holgado e o assistente administrativo Ángel Rodríguez. Mais quatro pessoas ficaram feridas: Miguel Sarabia Gil, Alejandro Ruiz-Huerta Carbonell, Luis Ramos Pardo e Lola González Ruiz, esta última esposa de Sauquillo.

Chamado na Espanha de Matança de Atocha, em referência à rua onde ficava o escritório, o massacre se transformou em um dos símbolos do retorno da democracia na Espanha, quando faltavam dois meses para a legalização do Partido Comunista e cinco para a realização das primeiras eleições depois de quatro décadas de ditadura.

Fonte: Agência EFE

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