Uma briga entre presos no Complexo Prisional Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, deixou 15 mortos neste domingo (26), segundo informações do jornal Em Tempo. Familiares que estavam no local viram quando o primeiro detento foi morto, executado na frente da esposa no horário de visita. A partir daí, os ânimos se acirraram e se seguiram as outras mortes. As vítimas foram assassinadas asfixiadas ou perfuradas com escovas de dentes.
A confusão começou por conta de uma briga entre facções, segundo as primeiras informações. A Seap teria retirado as detentas que cumprem pena em regime fechado no Compaj e levado todas para o Centro de Detenção Provisóia Feminino (CDPF), usando o presídio feminino do Compaj apenas para detentos ligados ao PCC.
Apenas um muro passou a separar presos do PCC e da FDN. Não demorou para os conflitos aparecerem, diz o jornal, e hoje a situação culminou com a briga sangrenta.
A falta de informações sobre os mortos e feridos ao longo do dia fez com familiares dos presos fechassem a BR-174 na altura do quilômetro 8. Cerca de 500 pessoas, entre amigos e parentes dos detentos, também foram para a frente do Compaj pedir explicações.
Ao G1 AM, a mãe de um preso contou que viu o início do motim e que outros visitantes foram feitos refém. “Eu estava na cela sete. Foi uma agonia muito grande. Começou uma correria, e todos estavam batendo nas celas, nas portas, e correndo pelos corredores. Tinha um (detento) na cela oito que estava amarrado. Os policiais tiraram as visitas, mas os presos pegaram um monte e levaram para quadra”, contou.
Presidente da comissão de direitos humanos da OAB-AM, Epitácio Almeida esteve no presídio e afirmou que helicópteros da polícia atiraram contra presos na quadra do complexo. “Eu confirmo que o helicóptero águia sobrevoou a quadra e atirou nos detentos. O que foi uma surpresa para nós porque os últimos familiares que saíram nos falaram que já estava tudo sob controle”, afirmou Epitácio ao jornal Em Tempo.
A Secretaria de Comunicação do Amazonas informou que o motim se encerrou por volta de meio dia. A unidade teve policiamento reforçado nas muralhas, ramais de acesso e na estrada. O secretário de Segurança Pública, coronel Louismar Bonates, determinou, ainda, reforço em outras unidades do sistema, por precaução. Não há informações sobre fugas e não houve agentes penitenciários reféns.
A unidade é a mesma em que uma rebelião resultou na morte de 56 pessoas em janeiro de 2017 – a rebelião de mais de 17 horas é considerada o “maior massacre do sistema prisional” amazonense.