Movimento quer usar turismo para preservar Mata Atlântica

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A Mata Atlântica, cujo dia nacional é comemorado nesta segunda-feira (27), tem apenas 7% de sua cobertura original preservada, reduzido a pequenos fragmentos espelhados pelo país. O maior deles abrange uma área contínua que vai do norte de Santa Catarina, pega todo o litoral do Paraná e vai até o sul de São Paulo. Para ajudar na preservação e valorizar esse único e grande fragmento contínuo da floresta surgiu o movimento Grande Reserva da Mata Atlântica, que não tem nenhuma instituição líder, mas agrega entidades públicas e privadas.

A preocupação com a Mata Atlântica é justificável, pois embora a área de desmatamento tenha caído 9,3% entre outubro de 2017 e igual mês do ano passado, de acordo com o Atlas da Mata Atlântica, elaborado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o bioma ainda sofre com o desmatamento.

A coordenadora de Áreas Protegidas da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Marion Silva, uma das entidades que participa do movimento, explica que a Grande Reserva da Mata Atlântica pega esse grande fragmento de floresta atlântica que existe no sul do país e dá um destaque para ele sob a forma de desenvolvimento e de turismo.

Marion disse que o movimento decidiu aliar desenvolvimento econômico com conservação da Mata Atlântica a partir da percepção que o turismo está crescendo no mundo inteiro. O foco principal desse turismo, no Brasil, são os parques naturais. “A gente tem uma diversidade imensa de atrativos turísticos e turismo é o grande foco de desenvolvimento econômico. Então, por que não aliar as duas coisas?”

De acordo com a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), que tem também faz parte do movimento,  “a conservação da natureza não é uma alternativa à produção, mas sim um meio econômico que gera uma série de bens e serviços de qualidade, com alto valor agregado”. Em relação à Grande Reserva de Mata Atlântica, a junção dos atrativos naturais e culturais pode gerar oportunidades para geração de emprego e renda na região. “A Mata Atlântica é um patrimônio do Brasil e precisa ser valorizada, reconhecida e preservada por todos”.

Turismo

A Grande Reserva da Mata Atlântica tem mais de 4 milhões de hectares, sendo cerca de 2,5 milhões de terra e 2 milhões de área marinha, e inclui mais de 45 municípios nos três estados. O grande objetivo na região é aliar a economia, via turismo, à conservação do bioma. Marion disse que ao se falar em turismo, a ideia é também dar destaque à cultura e à história local, “que é cheia de comunidades tradicionais”.

A coordenadora disse que toda instituição que agrega valor à ideia de pertencimento a esse fragmento da Mata Atlântica é convidada a participar, como organizações não governamentais (ONGs) e prefeituras.

“Essas áreas protegidas atraem muitos turistas. Têm uma movimentação grande”. Dos 17 milhões de pessoas visitaram as áreas protegidas brasileiras em 2017, Marion estimou que pelo menos 3 milhões de pessoas procuraram a região da Grande Reserva de Mata Atlântica.

Cultura

Um segundo foco que Marion destacou é o turismo cultural, envolvendo cidades históricas como São Francisco do Sul (SC), Antonina (PR), Morretes (PR) e  Cananeia (SP). Há também a questão da cultura, que envolve danças, como o fandango, e comidas típicas, como o barreado, ambas do Paraná; e comunidades pesqueiras de Santa Catarina.

Há turistas que vêm ao país direcionados para tentar conhecer e visualizar espécies de animais.  Marion disse que metade das espécies ameaçadas de extinção no Brasil estão na Mata Atlântica. “A gente tem aí 400 espécies ameaçadas nacionalmente e que só são encontradas aqui na Mata Atlântica. Algumas dessas espécies são foco de pessoas que querem vê-las ao vivo”. Entre elas estão a onça pintada, golfinhos, antas e aves. Seguindo o exemplo da Amazônia e do Pantanal, onde esse tipo de turismo é muito forte, Marion afirmou que a Mata Atlântica também está tendo essa demanda turística.

A coordenadora disse que a expectativa do movimento Grande Reserva da Mata Atlântica é chegar até o final do ano com roteiros estabelecidos que possam ser vendidos por empresas do setor turístico. A possibilidade de parceria com o Ministério do Turismo, por meio da Embratur, não é descartada pelos integrantes do movimento, que somente no início deste ano passou a realizar um trabalho de divulgação. “O objetivo é divulgar a ideia para que mais pessoas se apropriem dela. A gente quer chegar a ser um destino Mata Atlântica”.

Fonte: Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil

Esta postagem foi publicada em 28 de maio de 2019 10:01

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