Em sua 14ª edição, o Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo começa nesta quarta-feira (24) trazendo 148 filmes de 16 países. Além de um recorte da produção contemporânea da região, são feitas homenagens as cineastas Tata Amaral e Cláudia Priscilla, a atriz Léa Garcia e o ator chileno Patrício Contreras.
Homenagem
“Lea Garcia é uma atriz importante, ligada a questões negras, principalmente. Ela trabalha desde os anos 1950 e, para minha surpresa, não é tanta gente que reconhece o nome dela”, explica Francisco Cesar Filho sobre a importância de relembrar o nome da artista. Serão exibidos cinco filmes com a atuação de Lea.
Entre eles está Compasso de Espera, dirigido em 1973 por Antunes Filho, que morreu aos 89 anos em maio deste ano. Também poderão ser vistas produções marcantes como Ganga Zumba (1964), de Caca Diegues, e os mais recentes Filhas do Vento (2005), de Joel Zito Araújo, e Sudoeste (2012), de Eduardo Nunes.
Mostra Contemporânea
Da produção contemporânea, foram selecionados 21 longas-metragens que envolveram nove países para as realizações. Segundo a assistente da curadoria, Vicki Romano, pode ser vista na mostra como as parcerias entre os países da região ganharam força nos últimos anos. “Os países latino-americanos sempre precisavam ter um coprodutor europeu, geralmente. Muitos filmes da Argentina e do Chile eram coproduzidos com a Espanha, com a França e com a Alemanha. Hoje em dia, isso continua, mas também percebemos que exitem coproduções com países latino-americanos”, destaca.
Esse modelo, segundo Vicki, é fundamental para viabilizar algumas realizações. De acordo com ela, sem as parcerias, alguns países, como o Uruguai, não seriam capazes de fazer filmes com relevância. “E o Brasil, apesar da questão idiomática e dos recursos que estão sendo cortados, continua aparecendo como coprodutor para a produção e realização de filmes que estão emergindo na produção cinematográfica”.
A comédia Pornô para Iniciantes, de Carlos Ameglio, reúne Uruguai, Argentina e Brasil para levar à tela uma história que acontece em Montevidéu. A trama começa quando o Vítor, um rapaz que queria vender sua câmera para pagar o próprio casamento, é obrigado por um mafioso a dirigir um filme pornô. Durante as filmagens, ele acaba se apaixonado pela protagonista da película.
Diretoras
O destaque, no entanto, é para as produções comandadas por mulheres. “Do total de filmes contemporâneos, temos quase metade dos filmes dirigidos por mulheres”, enfatiza Vicki. Nesse recorte está Eu Menina, da argentina Natural Arpajou, um filme intimista que traz reflexões sobre o amadurecimento.
Em uma parceria que envolve Brasil e Angola, Júnia Torres e Isabel Casimira dirigem o documentário A Rainha Nzinga Chegou. O longa conta a história da monarca do reino Ndongo, que enfrentou os portugueses no século 17.
A maior presença de diretoras é uma evolução fundamental para o cinema da região, na opinião de Francisco Cesar Filho. “A presença feminina na produção audiovisual engloba uma quantidade crescente de mulheres. Acrescenta, sem dúvida nenhuma, olhares novos, necessários, que o homem sozinho não consegue dar conta”, comenta o curador.
Assim como nesses quinze anos de festival, Francisco Cesar também vê um crescimento robusto da indústria cinematográfica do continente. “Hoje em dia já tem uma produção bem mais grandiosa em quantidade de países latino-americanos do que existia há 15 anos quando era Brasil, Argentina, México e pouca coisa mais”, analisa.
Programação
As exibições acontecem de 24 a 31 de julho no o Cine Sesc (zona oeste), no Memorial da América Latina (zona oeste), no Cine Olido (centro), no Centro Cultural São Paulo, na Biblioteca Mário de Andrade (centro) e na Sala Umuarama (Campinas).
A programação completa pode ser vista na página do festival.
Edição: Valéria Aguiar