“O Brasil vem passando por um processo de aumento acentuado do desmatamento da Amazônia”, afirma docente da UniFG

“O Brasil vem passando por um processo de aumento acentuado do desmatamento da Amazônia”. Esta é a afirmação do Prof. Euler Melo Nogueira, pós-doutor em Ciências de Florestas Tropicais, pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e pesquisador do Observatório UniFG do Semiárido Nordestino. Segundo Nogueira, a Amazônia brasileira vem sendo desmatada sistematicamente ao longo dos últimos 40 anos, com destaque para o intervalo entre a década de  1990 e início dos anos 2000. Neste período  o desmatamento chegou a atingir 29.059 Km² de floresta apenas no ano de 1995 e 27.772 Km² em 2004.

O professor afirma que, a partir de 2004, o Brasil conseguiu, por meio de ações coordenadas, diminuir significativamente o desmatamento, a ponto de, em 2012, o desmatamento ficar abaixo de 5 mil quilômetros quadrados (4.571 Km²). “As taxas de desmatamento anual na Amazônia brasileira até 2004 evidenciavam forte relação com os preços da saca da soja e da arroba do boi no mercado internacional. Curiosamente, a partir de 2004 o governo brasileiro conseguir reduzir o desmatamento apesar dos preços destas commodities continuarem subindo. O Brasil obteve reconhecimento em todo o mundo pela sua política de controle do desmatamento da Amazônia. Hoje, infelizmente, estamos assistindo um grande retrocesso.”

Atualmente, a Amazônia brasileira vive um aumento dramático do desmatamento, pauta que vem repercutindo em todo o mundo. As queimadas que atingem Amazônia desde o fim de julho têm sido tão fortes que podem ser vistas do espaço, segundo fotos do satélite Aqua, divulgadas pela agência espacial dos Estados Unidos, a Nasa, na última quarta-feira (21). De acordo com a agência, “o número dos incêndios pode ser um recorde” e a fumaça que aparece nas fotos é o resultado disso.

O país registrou, entre janeiro e o último dia 19 de agosto, um aumento de 83% das queimadas em relação ao mesmo período de 2018, com 72.843 focos de incêndios até o momento. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o desmatamento por meio de imagens de satélite. Segundo o INPE, o fogo está progredindo em áreas de proteção ambiental, sendo registrados já 68 incêndios em territórios indígenas.

O Prof. Euler Melo Nogueira destaca que a comunidade científica aguarda os dados que serão divulgados pelo PRODES (Programa de Monitoramento do Desmatamento da Amazônia Brasileira por Satélite), com a quantificação final do desmatamento na Amazônia. “Todos os indicadores que temos em mãos já apontam para um aumento substancial do desmatamento na Amazônia”, afirma, ressaltando que o desmatamento provavelmente é maior do que o anunciado, pois o PRODES não inclui desmatamentos em áreas inferiores a 6,25 hectares, além de não incluir áreas degradadas. “Isso significa que o desatamento real na Amazônia é maior do que é divulgado”, destaca.

Desmatamento na Amazônia brasileira

Com informações da Ascom da UniFG.

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