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Inovação e quarta revolução industrial são discutidos em conferência

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A discussão sobre os caminhos da quarta revolução industrial ou “Indústria 4.0” tem mobilizado cerca de 1,2 mil pessoas entre representantes de empresas, agências do governo e instituições de ciência, tecnologia e inovação na Conferência de Inovação Tecnológica. Organizado pela Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), o evento ocorre até o dia 27 em Foz do Iguaçu (PR).

O debate reúne as principais inovações tecnológicas dos campos de automação, controle e tecnologia da informação, com apresentações de cases de empresas nacionais e multinacionais. O espaço, discute ainda caminhos e oportunidades para os empreendedores em momento de ajuste fiscal no país. Para o presidente da Anpei, Humberto Pereira, a conferência tem o objetivo de incentivar um “inflexão” dos participantes.

Segundo Pereira, o volume de exportações em inovação no país, em 2018, alcançou 4% do valor total, o correspondente a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Para ele, a colocação do Brasil em 66º no ranking deste ano do Índice Global de Inovação (IGI) não deve ser ignorada. “Isso significa uma avenida de oportunidades. Temos muito o que fazer e precisamos acelerar inovações que vamos escrever, decisões que vamos tomar”, disse Pereira.

Contingenciamento

O presidente da Anpei defende uma postura otimista do empreendedor brasileiro em relação ao cenário de ajuste fiscal estabelecido pelo governo. Entretanto, ele avalia com cautela as motivações para contingenciamento de recursos na área de pesquisa e desenvolvimento.

“Toda vez que a gente passa por um ajuste fiscal, a gente passa por um momento de tensão que não agrada a ninguém. Entretanto, a Anpei, de forma alguma, preconiza uma irresponsabilidade fiscal. Em relação aos contingenciamento em relação à pesquisa, a gente fica com a apreensão não necessariamente pelo contingenciamento, mas por dois outros aspectos: não há sinais claro se isso faz parte de uma circunstância ou se é uma opção, uma decisão de estratégia de governo. E a segunda é que não há uma sinalização clara de uma estratégia do porvir”, disse à Agência Brasil.

Na avaliação do diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Américo Pacheco, o país deve estar atento tanto para os caminhos da competitividade interna quanto global. “É necessária uma política de incentivo à concorrência olhando para o mundo”, disse.

Interação

Entre as principais características do evento, realizado anualmente pela instituição, está a interação entre os participantes para discussão e apresentação das tecnologias mais modernas do mercado em relação à inovação. Nesta edição, 35 cases selecionados serão apresentados em palestras.

“A conferência da Anpei atua tanto na divulgação como na produção de conteúdo e também na criação de laços e networking. Essas relações são muito importantes para o ecossistema, criar esse espaço de interação. A gente traz evidentemente ideias, exposições, material para audiências. [Estão aqui] representantes das indústrias, academia, governo e a gente promove essa interação e muitos laços acabam sendo criados aqui”, disse Pereira.

Segundo o presidente da Anpei, o caminho atual indica a necessidade de “negociação”. “As instituições de pesquisa estão, hoje, com olhar interno reformulando as suas propostas. Existe uma consciência de que toda essa transformação que está operando na sociedade também está operando no processo da ciência”, avalia.

Startups

Na tarde desta quinta-feira (26), debatedores discutiram o investimento em startups por grandes empresas no Brasil. Para o coordenador de empreendedorismo tecnológico da Embraer, Rodrigo Carlana, o modelo tradicional de inovação adotado no país ainda pensa na indústria “como máquina de eficiência” e permanece fundamentado no princípio de especialistas em pesquisa e desenvolvimento nas instituições.

“Uma startup imprime velocidade muito importante no empreendimento. O papel do empreendedor é de transformar uma ideia em um produto que gera lucro”, disse. “Já a startup pode cortar caminhos para entregas mais rápidas e melhores.”

A gerente de Inovação da Natura, Marcela Martinelli, ressaltou a parceria da empresa com startups como uma porta de entrada para empreendedores com soluções inovadoras. “É a conexão entre grande empresas e startups. Trata-se de uma relação cheia de desafios e a combinação de modelos dependendo do desafio a ser sanado”, explicou.

Entre as experiências da empresa está a parceria com a startup Regenera Moléculas do Mar, que faz pesquisa marinha para desenvolvimento de produtos. A startup realiza coletas de fungos e bactérias no mar e faz pesquisas que podem dar origem a produtos.

*A repórter viajou a convite da Anpei

Edição: Fábio Massalli

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