O presidente Jair Bolsonaro (PSL) usou seu perfil nas redes sociais nesta segunda-feira (7) para exaltar o trabalho de seu governo frente a construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste. No entanto, em vários lotes, as obras estão praticamente paradas por falta de recursos.
O presidente ressaltou que a obra está sendo executada em diversas frentes, com construção de viadutos, lançamento de dormentes, terraplenagem e recuperação de passivos.
No seu Twitter, Bolsonaro disse ainda que o governo está fechando o primeiro trecho que vai para concessão em 2020 (Caetité-Ilhéus) e adiantando bem o segundo trecho (Caetité Barreiras). Ele ainda lembrou que o projeto prevê a extensão da linha até Tocantins, integrando-a à ferrovia Norte-Sul. “Conectando o litoral baiano à produção do interior do Brasil”, disse.
Governo O governo está fechando primeiro trecho que vai para concessão em 2020 (Caetité-Ilhéus) e já adiantando bem o segundo trecho. Ideia original prevê a extensão da linha até o Tocantins, integrando-a à Norte-Sul e conectando o litoral baiano à produção do interior do Brasil.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) October 7, 2019
No entanto, o lote 5, compreendido entre Caetité e Bom Jesus da Lapa, está com as obras praticamente paradas. Segundo apurado pela Agência Sertão, somente na última semana, cerca de 300 operários foram demitidos pelo consórcio de empresa que executa a construção.
Ao todo, dos cerca de 650 trabalhadores que executam a obra, cerca de 400 foram demitidos desde o início de setembro.
As frentes de trabalho estão praticamente pardaras, sendo priorizados apenas os serviços de conservação. Apenas na região de Brejinho das Ametistas, próximo à ligação com o Lote 4 (início do trecho I), há homens e máquinas trabalhando. O trecho que avançava em direção à ponte sobre o rio São Francisco foi paralisado.
A situação é parecida nos outros lotes tanto do primeiro trecho, quanto do segundo.
No início de setembro, as obras foram totalmente paralisadas após a Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., estatal responsável pela construção da ferrovia, informar que os recursos prometidos pelo Governo Federal não vieram na velocidade necessária para tocar o projeto.
Por esta razão, a Valec decidiu pela paralisação dos serviços cujos os recursos ainda não havia sido empenhados até o fechamento das medições do último mês. Isso incluiria a maioria os serviços previstos até o fim do ano para a construção.
Com anúncios de descontingenciamento do orçamento federal, a obra voltou a ser tocada nove dias após ficar completamente parada. No entanto, as demissões foram sendo consumadas e frentes de trabalho foram sendo fechadas.
Obra atrasada
A obra iniciada em 2011, durante o governo Dilma Rousselff, ficou praticamente parada entre 2015 e 2018. Do final do ano passado até agosto deste ano, os recursos voltaram a ser empregados de forma mais constante na construção da Fiol.
Até 31 de julho, data da última medição registrada pela Valec, o trecho I que compreende o trajeto entre Caetité e Ilhéus estava com cerca de 76% das obras concluídas. Já no trecho II, entre Caetité e Barreiras, as obras estão com 36% de conclusão. O trecho III, entre Barreiras (BA) e Figueirópolis (TO) ainda está apenas no projeto.
A Fiol se integrará ao Porto Sul, que será construído ao norte da cidade de Ilhéus. Após concluído o trecho I, a ferrovia irá transportar o minério que será extraído pela Bahia Mineração em Caetité até o porto, de onde sairá para ser exportado. A expectativa é que a ferrovia transporte até 20 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.
Já o trecho II fará a ligação das áreas produtoras de grãos do Oeste da Bahia, enquanto o trecho III ligará a Fiol à Ferrovia Norte-Sul. Ao todo serão 1.527 km de trilhos.
Andamento das obras da Fiol
Fiol I – Ilhéus – Caetité
O lote I, entre Ilhéus e Ipiaú está com 29,1% de conclusão. A Trial é a empresa responsável pela execução dos serviços. Já o trecho 2F, entre Ipiaú e Barra do Rocha já tem 89,6% de conclusão. As obras deste lote são executadas pelo Grupo Galvão.
Outro lote executado pela Galvão já foi concluído, o 2FA, que correspondeu à construção de um túnel com quase 800 metros de comprimento no município de Jequié.
O lote 3F, trecho de 115,36 km entre o município de Barra do Rocha e a ponte sobre o Rio de Contas, próximo a Tanhaçu (BA) foi primeiro trecho a ser concluído. A construção foi executada pelo consórcio Torc/Ivai com a supervisão do consórcio formado pelas empresas Planservi/Hollus e a fiscalização da Valec. (Vídeo gravado em 2018)
o Lote 4F, entre Caetité e Brumado está com 73,6% das obras concluídas. Desde 2016, quando a Valec reincidiu contrato com o consórcio formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Barbosa Mello e Serveng, a obra ficou parada e só no começo deste ano foi contratada uma empresa para fazer a conservação das obras já concluídas.
Veja a evolução do Trecho IFiol II – Caetité – Barreiras
O lote 5F, correspondente ao trecho entre Caetité e Bom Jesus da Lapa, está com 40% de conclusão. Depois de ficar praticamente parado entre 2015 e 2018, o trecho evoluiu quase 15% nos últimos 9 meses.
Mais de 500 operários do Consórcio Fiol (Pavotec/Trial) trabalhavam intensamente em uma frente de trabalho de construção de um trecho de aproximadamente 10 Km até o comunicado da suspensão dos serviços.
As obras do trecho avançaram do distrito de Ceraíma até cerca de 20 Km da ponte em Bom Jesus da Lapa. Dos 163 Km do lote, já há pelo menos obras de terraplanagem em cerca de 100 Km.
Outro lote do trecho II da Fiol, o 5FA está concluído. Este lote corresponde à construção da ponte sobre o rio São Francisco entre os municípios de Bom Jesus da Lapa e Serra do Ramalho. Esta é a maior ponte ferroviária da América Latina, com quase 3 quilômetros de extensão.
Também houve evolução nos lote 6F (Bom Jesus da Lapa – Santa Maria da Vitória) e lote 7F (Santa Maria da Vitória – Barreiras). Os dois trechos estão com 13,7% e 34,9% de conclusão respectivamente.
Tiago Marques | Agência Sertão