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Vitória da Conquista

Prefeitura de Vitória da Conquista não vê motivos para medidas restritivas contra Covid-19

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Não está nos planos da Prefeitura de Vitória da Conquista a adoção de medidas restritivas para frear o avanço da Covid-19 no município. É a conclusão que se tem baseado nas entrevistas da secretária municipal de Saúde, Ramona Pereira, e do secretário municipal de Administração, Kairan Rocha Figueiredo. Eles falaram ao Bahia Notícias e à Rádio Clube de Conquista, respectivamente.

O titular da administração disse que o município acatou as determinações do decreto estadual sobre restrição da circulação noturna, mas pode questionar na Justiça uma eventual prorrogação, baseado nos dados estatísticos do município.

Nas duas entrevistas distintas, os secretários consideram que a situação epidemiológica em Vitória da Conquista em relação ao coronavírus está sob controle. Enquanto a secretária de Saúde disse que o índice de transmissão se mantém estável e com possibilidade de queda, o secretário de Administração disse que vai analisar a efetividade da medida para que o município possa decidir quais passos irá tomar dentro de sete dias, quando findar o prazo do decreto estadual.

Em relação à taxa de ocupação de leitos em Unidade de Terapia Intensiva, os dois secretários enfatizaram que o problema não reflete à realidade epidemiológica do município de Vitória da Conquista, pois a maior parte dos pacientes são oriundos de outras cidades. Já o secretário de administração disse que “o momento é de preocupação e talvez de descontrole do Estado da Bahia”, que pode atrapalhar a situação transferir pacientes de regiões que já estão colapsadas para Vitória da Conquista.

De fato, segundo dados do SUS Analítico, do Ministério da Saúde, o número de novos casos no município caiu no fim de janeiro e permaneceu estável nas últimas semanas, no entanto, em um patamar bastante elevado. A média móvel dos últimos 14 dias está atualmente em 93 casos, tendo chegado a 130 em meados de janeiro. A média de casos nos últimos 30 dias está em um patamar um pouco acima do registrado em agosto, mês com maior número de óbitos de pacientes residentes no município. Nos próximos dias, o município deve atingir a marca de 20 mil casos da doença.

Quanto aos óbitos de pacientes com a Covid-19, os números também revelam índices superiores aos registrados em agosto. No início da última semana, a média móvel chegou a 2,29 mortes diárias, já nesta sexta-feira (19), a média está em 1,5 mortes por dia. Nos 20 primeiros dias de fevereiro, 29 conquistenses morreram vítimas da Covid-19. Ao todo, 295 conquistenses morreram com a doença.

Com relação ao argumento de que a vinda de pacientes de outros municípios para Vitória da Conquista não reflete um problema para a cidade, vale ressaltar que a rede SUS dispõem de 70 leitos de UTI para a região Sudoeste de Saúde, composta por 74 municípios, que totalizam cerca de 1,8 milhão de habitantes. Considerando a população de Vitória da Conquista de 341 mi habitantes, proporcionalmente, o município teria direito a 13,26 leitos se a divisão adotasse este critério. No momento, segundo o último boletim epidemiológico, 20 pacientes internados nestes leitos são moradores de Vitória da Conquista.

Neste sábado (20), a ocupação de leitos nos três hospitais credenciados estava em 93%, no meio da semana chegou a 97%. Apenas cinco dos 70 leitos de tratamento intensivo estão desocupados. A taxa de ocupação geral do Estado está em 78%. O único leito de UTI pediátrica para tratamento da doença também está ocupado. Além disso, a Bahia registrou recorde de pacientes internados em UTI nesta sexta-feira, superando o número neste sábado. Ao todo, 868 pacientes estão nos leitos distribuídos pelo Estado.

Na noite deste sábado, o Blog do Anderson registou o momento em que cinco pacientes aguardavam dentro de ambulâncias por atendimento no Hospital Geral de Vitória da Conquista (HGVC).

Medidas que envolvem proibições de atividades econômicas e sociais geram polêmicas em todo o país quanto à sua efetividade. Desde o início da pandemia até os dias atuais, o presidente da república Jair Bolsonaro (sem partido) é um dos principais críticos das ações adotadas por governadores e prefeitos de várias partes do país. Em Vitória da Conquista, as atividades consideradas não essenciais ficaram parcialmente paralisadas por mais de dois meses.

Desde junho, a Prefeitura estabeleceu diretrizes por meio de um plano de reabertura do comércio. Nas semanas seguintes, as atividades foram reabertas em cinco fases até meados de julho. As fases foram sendo implementadas e desde então não regrediram, mesmo quando a taxa de ocupação de leitos passou de 70%. Conforme o protocolo, as fases deveriam avançar ou regredir de acordo com índices com a taxa de ocupação, o que de fato nunca ocorreu.

Quem governa Vitória da Conquista no momento e está com o poder de tomar decisões para restringir as aglomerações no município é a vice-prefeita Sheila Lemos (DEM). Ela está substituindo o prefeito afastado Herzem Gusmão (MDB), internado há quase dois meses no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde se recupera da Covid-19.

O prefeito não tomou posse no dia primeiro de janeiro por causa da internação. Ele foi empossado dias depois em uma cerimônia onde prestou juramento por vídeo, via Internet.

Ele foi diagnosticado no início de dezembro, poucos dias após ser reeleito. No dia 18 ele se licenciou e foi internado no Hospital Samur, poucos dias depois foi transferido para São Paulo, onde precisou ser colocado na UTI por alguns dias. Ele ainda não tem previsão e quando vai deixar terminar o tratamento e voltar para a cidade, reassumir a prefeitura.

A última notícia oficial sobre Herzem foi repassada por ele mesmo, por meio de um áudio divulgado nas redes sociais no último dia 8. Herzem disse que continua acompanhando do hospital as atividades do governo municipal e conversando com a vice-prefeita e secretários.

Em Guanambi, distante 280 quilômetros de Conquista, o prefeito Nilo Coelho (DEM), correligionário de Sheila e amigo de Herzem, decidiu tomar medidas restritivas com o aumento de casos e de internações no município. Academias, igrejas, cinema, praças e parques públicos foram fechados. O comércio não essencial teve o horário de funcionamento limitado até às 18h e não pode abrir ao público nos fins de semana.

Veja a entrevista com a secretária de Saúde e com o secretário de Administração.

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