Depois de uma semana sob risco de naufrágio, a Marinha do Brasil concluiu o trabalho de reflutação da lancha Agência Escola Saldanha Marinho (AgEFlut). A embarcação ficou parcialmente alagada após ser atingida pela terra do desmoronamento do barranco na margem do rio São Francisco, em Bom Jesus da Lapa, onde está ancorada.

Com o apoio de uma balsa cedida por uma fazenda do município de Santana e de uma retroescavadeira, os militares da Capitania dos Portos de Bom Jesus da Lapa e do 2º Distrito Naval conseguiram concluir o trabalho na última quarta-feira (17). O trabalho também contou com a ajuda de mergulhadores da Base Naval de Aratu.

Após o fim do resgate, a lancha voltou a flutuar nas águas do rio São Francisco. Nos próximos dias, serão corrigidos eventuais danos causados pelo incidente e realizada a limpeza do local.

A lancha foi restaurada em dezembro de 2020 e estava operacional desde então. Ela funciona como escola flutuante para oferta de qualificação profissional à população ribeirinha. Atualmente, é a maior embarcação em funcionamento no trecho de Bom Jesus da Lapa.

O município já possuiu estaleiros que produziram muitas balsas e outras embarcações que ainda navegam pelo Velho Chico, no entanto, segundo a Frente Popular do Rio São Francisco (FPRSF), a navegação está deficitária na região. A entidade afirma que há dificuldade para atender às populações ribeirinhas fixadas nas ilhas no curso do rio. Devido à falta de balsas, não há como atravessar veículos e tratores para auxílio da agricultura familiar.

A FPRSF defende a instalação do 1º Batalhão de Engenharia Hidroviária na região para ajudar a reativar o modal hidroviário no Médio São Francisco e garantir a segurança da navegação no rio. O Governo do Estado elaborou uma proposta em 2015, solicitando a implantação. No entanto, até o momento não foram garantidos recursos orçamentários para viabilizar projeto.

Bom Jesus da Lapa é um polo produtor de frutas e próximo à municípios produtores de grãos. O município está recebendo a construção de aeroporto moderno e é cortado pelo traçado da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), com a maior ponte ferroviária da América Latina, com obras já concluídas. Quando todos os projetos estiverem em funcionamento, a cidade será um centro logístico multimodal.