O setor educacional foi impactado globalmente pela exigência do distanciamento físico como medida protetiva e eficaz contra a disseminação do novo Coronavírus. Até o final de junho de 2020, 52% dos 46 países analisados em relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mantiveram suas escolas fechadas por 12 a 16 semanas.
O Brasil, exemplo de má condução da pandemia, permanece com a grande maioria das instituições educacionais sem funcionamento presencial. Na data da referida pesquisa, as escolas estavam fechadas há 16 semanas. Com isso, foi adotado um modelo emergencial de ensino usando as ferramentas tecnológicas, mesmo com os obstáculos da realidade social brasileira.
A professora da Creche UFBA, Meire Boaventura, afirma que esse cenário enfatiza a necessidade de desenvolver competências no campo da cibercultura. “Não para substituir o ensino presencial, porque não há equivalência, mas para que se tenham recursos mais qualificados pra enfrentar crises como essas, sem prejuízos maiores para os processos de ensino-aprendizagem e seguir os calendários oficiais”, destaca.
Ela acredita que o legado deixado pela pandemia para a educação são a aprendizagem sobre flexibilidade, a organização e apropriação das novas tecnologias, as formas de interação, de construção de conhecimento e de avaliação. “Fica também a ideia da colaboração dos professores, entre os gestores e os outros profissionais da área, percebemos que podemos fazer muita coisa em conjunto”, complementa.
Para Jonathan Sampaio, professor do Centro Estadual de Educação profissional Isaías Alves, são grandes os desafios para educação, principalmente no âmbito público. “É preciso criar políticas públicas para universalizar o uso de computadores, tablets, smartphones e demais equipamentos tecnológicos na educação. Além disso, é preciso que o poder público garanta a todos os alunos e professores acesso à internet”, analisa.
O professor destaca ainda que o ambiente digital amplia as possibilidades de aprendizado, sendo a tecnologia um ótimo recurso para explorar caminhos alternativos que proporcionam a cada estudante aprender no seu ritmo e de acordo com a profundidade na matéria.
Lorena Roberta, ex-aluna do CEEP Isaías Alves e atualmente estudante de Sistemas de Informação na UFBA, conta que o maior desafio no último ano foi estudar, no momento adverso, sem o auxílio e material disponíveis antes no âmbito presencial, mas com apoio dos seus antigos professores conseguiu ser aprovada na universidade. “Isso foi muito importante, foi gratificante e só mostrou que a nossa educação tem futuro, nossa educação é importante e ela pode nos levar aonde quisermos”, declara.
Na próxima segunda, 24, às 19 horas, ocorrerá o debate “Legado das experiências da educação na pandemia” como parte do projeto Polêmicas Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Além dos citados, estarão presentes a gestora da Escola Municipal 25 de Julho em Salvador, Núbia Carvalho e a professora da Escola de Arquitetura da UFBA, Ariadne Moraes.
Ofertada desde 2003, Polêmicas Contemporâneas é uma disciplina-evento regular do Departamento de Educação II, da Faculdade de Educação, da Universidade Federal da Bahia e coordenada pelo professor Nelson Pretto.
A transmissão é aberta e livre. Para mais informações acesse: www.polemicas.faced.ufba.br/.
Fabio de Souza, projeto Sê Livre/UFBA, estudante de Comunicação da FACOM/UFBA.
*Este texto faz parte do projeto “Polêmicas contemporâneas”, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Ufba). A Agência Sertão atua como veículo parceiro na divulgação dos conteúdos.