Conseguir identificar o cio da vaca é fundamental para a eficiência reprodutiva e, consequentemente, para o melhoramento do desempenho econômico de produtores. Entre as diferentes técnicas utilizadas nesse processo, a mais tradicional é a observação visual. No entanto, essa estratégia é passível de erro do observador, o que afeta, consequentemente, a eficiência reprodutiva e pode contribuir para altas taxas de descarte de vacas e novilhas.
Pensando no desenvolvimento e avaliação de modelos mais eficientes para detecção e detecção antecipada do cio de vacas leiteiras, Frederico Correia Cairo pesquisou, durante o curso de Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia (PPZ) da Uesb, campus de Itapetinga, as mudanças de comportamento alimentar dos animais. “Já era sabido que a manifestação de cio causa redução no consumo e comportamento alimentar. Nosso estudo mostrou que, antes de entrar no cio, as vacas consomem entre 25% e 35% menos água e alimentos”, contou Cairo.
Para o desenvolvimento do estudo, “foi realizado o monitoramento desses animais durante o período experimental através de sensores em cochos e bebedouros eletrônicos”, contou Cairo. Além disso, foi desenvolvido e avaliado modelos computacionais para a produção de sensores com o objetivo de identificar, de forma precisa e acurada, o cio dos animais das fazendas leiteiras.
A pesquisa foi aplicada no campo experimental da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Coronel Pacheco (MG), e avaliou o consumo de alimento e água em dois ensaios com novilhas das raças Holandês e Gir. Enquanto era realizada observação visual três vezes ao dia por 30 minutos, os pesquisadores obtinham informações, por um sistema eletrônico de cochos e bebedouro, sobre o comportamento alimentar e hídrico das vacas.
“Durante a pesquisa, foram observados 99 eventos de cio. Duas séries temporais de sete dias foram coletadas: uma representando sete dias incluindo o dia do cio e a outra por sete dias sem evento de cio. Com o intuito de desenvolver modelos capazes de detectar o cio com horas de antecedência, as séries temporais foram fracionadas em intervalos de seis horas.”, explicou Cairo. Dessa forma, foi possível identificar as alterações no comportamento dos animais com seis horas de antecedência na detecção de cio em vacas leiteiras.
Para o pesquisador Luiz Gustavo Ribeiro Pereira, orientador da dissertação, o estudo abre a possibilidade para o desenvolvimento de novos dispositivos e sensores que ajudarão a identificar o cio com base em variações do comportamento hídrico e alimentar. “Outra possibilidade é incluir a funcionalidade de detecção de cio nos cochos e bebedouros eletrônicos que geram dados de forma automática. A detecção precisa de cio pode melhorar o manejo reprodutivo e impactar positivamente no desempenho econômico das fazendas”, complementou.
O estudo foi realizado por meio de uma parceria entre a Uesb, a Embrapa Gado de Leite, a Universidade de Wisconsin-Madison (Wisc), nos Estados Unidos e a Universidade Federal de Minas Gerais. Para Pereira, essa colaboração é de suma importância, visto que “permite a complementariedade de cada instituição, otimizando a obtenção de resultados inovadores”.
Via Ascom Uesb