Preocupação para lideranças ambientais, plano de Concessão de Parques Naturais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e social (BNDES) em parceria com o governo da Bahia, propõe a entrega da gestão de cinco parques públicos do estado para a iniciativa privada. Estão nos planos de privatização o Parque de Pituaçu, São Bartolomeu e o Zoobotânico Getúlio Vargas, em Salvador; o das Sete Passagens em Miguel Calmon e o da Serra do Canduru, entre Ilhéus, Itacaré e Uruçuca.
Paulo Canário, do Movimento Viva o Parque de Pituaçu, afirma que o governo do estado não estabeleceu uma escuta ativa para que exista um efetivo controle social e que determine os destinos desse espaço público. “Defendemos essa participação. Estamos abertos a discussão com o governo para definição de um modelo que atenda aos interesses do governo, mas principalmente da sociedade baiana”, comenta.
Sobre o Parque São Bartolomeu, no Bairro Pirajá, a Ialorixá mãe Nívia Luz considera que o espaço da unidade de conservação, que fica dentro de uma floresta, precisa ser público, pois proporciona alimentos e uma relação forte com o meio ambiente. “Um parque como esse, especificamente, fornece a nós aspectos importantes da nossa ancestralidade, sobretudo a quem é do candomblé. Então, tem uma relação espiritual muito potente que acontece naquele lugar”, aponta.
“Privatizar um lugar como aquele é problematizar as relações entre estado e sociedade civil, é chamar atenção para as práticas que a gente tem vivido ao longo dos anos, é de perder o direito que a gente tem ao lugar”, complementa.
Para o professor da Faculdade de Educação da UFBA, César Leiro, urge a necessidade de uma reavaliação na legislação municipal, de forma que busque uma reorganização das administrações dos parques, construindo, gradativamente, uma municipalização da gestão dos parques ambientais.
“Sobretudo, garantir que esse debate possa ocorrer na cidade, na Câmara de Vereadores, nas assembleias legislativas, para que a gente possa, de fato, ampliar esse direito, para que a população possa se encontrar nas suas políticas, não só de lazer, mas aquelas que envolvem sobretudo esse binômio de lazer e educação.”
Na próxima segunda, 31, às 19 horas, ocorrerá o debate “Parques públicos: gestão e interesse social” como parte do projeto Polêmicas Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Além dos citados, estarão presentes a diretora de sustentabilidade e conservação do INEMA, Jeanne Florence e o professor da Faculdade de Geociências da UFBA, Ricardo Fraga.
Ofertada desde 2003, Polêmicas Contemporâneas é uma disciplina-evento regular do Departamento de Educação II, da Faculdade de Educação, da Universidade Federal da Bahia e coordenada pelo professor Nelson Pretto.
A transmissão é aberta e livre. Para mais informações acesse: www.polemicas.faced.ufba.br/.
Fabio de Souza, projeto Sê Livre/UFBA, estudante de Comunicação da FACOM/UFBA.
*Este texto faz parte do projeto “Polêmicas contemporâneas”, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Ufba). A Agência Sertão atua como veículo parceiro na divulgação dos conteúdos.