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Renova aguarda liberação para a operação comercial do parque eólico Alto Sertão III

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Em recuperação judicial desde outubro de 2019, a Renova Energia tenta virar a página de sua crise com a entrada em operação do parque eólico Alto Sertão III, na Bahia – única unidade eólica que ficou com a empresa após a venda de vários ativos para pagar dívidas no mercado. Com capacidade para 432 megawatts (MW) – o suficiente para abastecer quase 1 milhão de residências -, o parque vai gerar R$ 250 milhões de caixa (Ebtida) por ano. “Esse será o pilar para liquidar as dívidas da empresa”, diz o presidente da companhia, Marcelo Milliet.

Os testes do parque eólico começaram dia 12 de dezembro e espera-se para os próximos dias a liberação para a operação comercial. No total, foram investidos R$ 2,5 bilhões no complexo que terá 155 aerogeradores e 208 quilômetros (km) de linhas de transmissão, distribuídos em seis municípios da Bahia (Caetité, Igaporã, Pindaí, Licínio de Almeida, Riacho de Santana e Guanambi).

Inicialmente, vão entrar em operação 45 aerogeradores, de 142 MW. A partir de janeiro o sistema começa o escalonar a entrada em operação das demais máquinas, até alcançar o pico de produção no final do primeiro semestre de 2022. A energia já está contratada no mercado regulado, por meio de leilões, e no mercado livre.

O projeto ficou paralisado durante cinco anos por problemas financeiros da empresa e foi retomado apenas em abril deste ano. A Renova foi uma das pioneiras no investimento de energia eólica no Brasil. Criada pelos empresários Ricardo Delneri e Renato Amaral durante a pior crise elétrica do País, em 2001, a companhia teve suas ações lançadas na Bolsa e atraiu a atenção de gigantes do setor, como Light e Cemig, que viraram acionistas. Aos poucos, os dois sócios reduziram suas participações e deram espaço para novos integrantes.

Mas foi nesse processo que as coisas se deterioraram. Depois de uma parceria frustrada com a americana SunEdison, que logo depois do negócio entrou em recuperação judicial nos Estados Unidos, a Renova Energia foi obrigada a fazer um rígido ajuste em suas estruturas. Com as perdas decorrentes do negócio, os sócios tiveram de aportar recursos na empresa e projetos foram renegociados.

A situação, no entanto, se complicou e a maior empresa de energia eólica do País teve de vender seus principais parques para cobrir dívidas. Sobraram apenas algumas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Alto Sertão III, que agora é a grande aposta da empresa para se reerguer. Mas esse caminho tem envolvido uma série de transações e mudanças.

A retomada das obras do parque eólico, por exemplo, só foi possível depois de um empréstimo de R$ 360 milhões na modalidade DIP (devedor em posse) – um tipo de financiamento para empresas em recuperação judicial. Outra operação que reforçou o caixa da companhia foi a venda da Brasil PCH, por R$ 1,1 bilhão. Com o dinheiro, houve o pagamento parcial do empréstimo DIP e de alguns credores, como Citibank e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), diz Milliet.

A empresa também vendeu o Complexo Hidrelétrico Serra da Prata (Espra), por R$ 265 milhões. O negócio, no entanto, ainda depende de autorizações de órgãos regulatórios. A expectativa é que seja concluído em fevereiro, diz o presidente da empresa. As vendas vão ajudar a reduzir o endividamento de R$ 2 bilhões da empresa, que vencerão ao longo de dez anos.

Outro movimento foi a saída da Cemig do posto de principal acionista da empresa. Em novembro, o grupo Angra Partners comprou a participação da estatal mineira. Com 30,3% do capital votante da companhia, a gestora passa a fazer parte do bloco de controle da Renova.

Segundo Milliet, para o futuro, a empresa tem um pipeline de 6 gigawatts de potência em projetos. Uma parte, diz o executivo, será vendida para investidores do setor. “Uma outra fatia vamos reservar para a empresa.” Ele diz ainda que há projetos híbridos, de eólica e solar, para serem desenvolvidos, inclusive em Alto Sertão III.

A construção de novos empreendimentos pela Renova, no entanto, deve seguir um ritmo menos acelerado que no passado. Em vez de megaprojetos, a empresa deve apostar em parques que serão construídos em partes menores. “Temos capacidade de voltarmos a ser um grande player do mercado.”

*Reportagem do Estadão

Esta postagem foi publicada em 27 de dezembro de 2021 15:45

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