Mesmo sem a Petrobras anunciar reajustes nos preços dos combustíveis, a gasolina e o diesel estão mais caros na Bahia desde 1º de janeiro. Para o consumidor final, o aumento começou a vigorar diretamente nas bombas na noite desta segunda-feira (3) em alguns postos.
Em Guanambi, onde a gasolina era encontrada entre R$6,798 e R$ 6,899, já tem estabelecimento de preço novo, vendendo o produto por R$7,098. Um dos primeiros a reajustar foi um posto pertencente a uma rede, localizado na avenida Barão do Rio Branco.
O reajuste é reflexo do aumento de R$ 0,21 no litro da gasolina A e de R$ 0,13 para o diesel S10 e R$ 0,14 para o diesel S500. O anúncio do novo preço foi comunicado ainda na semana passada, pela Refinaria Mataripe (antiga RLAM), administrada pela Acelen, ligada ao fundo árabe Mubadala.
A Petrobras concluiu a venda para a empresa no final de novembro, deste então, este foi o primeiro aumento praticado pela nova gestora e esta foi a primeira refinaria da estatal cujo processo de privatização foi concluído. O negócio foi fechado pelo valor de US$ 1,65 bilhão.
Com capacidade para processar mais de 300 mil barris de petróleo por dia, o que corresponde a 14% da capacidade total de refino do Brasil, a então Refinaria Landulpho Alves Mataripe está localizada no distrito de Mataripe, em São Francisco do Conde, e foi inaugurada em 1950, sendo a primeira refinaria nacional. Atualmente é segunda maior do Brasil, com a maior capacidade instalada para produção de gasolina, diesel e outros derivados de petróleo das regiões Norte e Nordeste.
São 26 unidades de processamento, quatro terminais e 201 tanques de armazenamento, além de 669 quilômetros de dutos que interligam a refinaria com os terminais portuários. A unidade produz mais de 30 produtos, entre eles diesel, gasolina, querosene de aviação (QAV), asfalto, nafta petroquímica, gases petroquímicos (propano, propeno e butano), parafinas, lubrificantes, GLP e óleos combustíveis (industriais, térmicas e bunker).
A refinaria possibilitou ainda o desenvolvimento do primeiro complexo petroquímico planejado do Brasil e maior complexo industrial do Hemisfério Sul, o Polo Industrial de Camaçari, formado por mais de 90 empresas.
Além da RLAM, a Petrobras prevê se desfazer de outras sete refinarias, conforme acerto com o Cade, para abrir o mercado de refino do País. São elas: Unidade de Industrialização de Xisto (SIX), no Paraná; Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais; Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco; Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná; Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul; Refinaria Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas; Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), no Ceará. A Reman e a SIX já tiveram contratos de venda assinados.
Revendedores surpresos
De acordo com o Sindicato do Comércio de Combustíveis, Energias Alternativas e Lojas de Conveniências do Estado da Bahia (Sindicombustíveis-BA), revendedores do Estado foram surpreendidos no final do ano de 2021 com o reajuste dos combustíveis, comunicado pela Refinaria.
O Sindicombustíveis-BA declarou em nota que vê com preocupação o primeiro aumento anunciado. “A política de preço adotada pela Refinaria Mataripe destoa da praticada pela Petrobras e aponta para um desequilíbrio no mercado de refino do petróleo, já que não há uma concorrência direta da Petrobras pelo mercado de abrangência do grupo árabe (Bahia e Sergipe). Além disso, a estrutura portuária da Bahia não está adequada para receber grandes navios petroleiros e isso impedirá as distribuidoras de buscarem alternativas no mercado internacional”, declara o presidente do Sindicombustíveis Bahia, Walter Tannus Freitas.
Somado ao reajuste anunciado pela Acelen, o diesel também terá impacto em seu custo de R$ 0,06 em função do biodiesel, que é misturado ao produto e que sofreu aumento em 1º de janeiro de 2022.
Houve também aumento do Gás Natural Veicular (GNV) pela Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás). A tarifa do GNV foi reajustada em 3,88% (média de todos os segmentos), no primeiro dia do ano novo, conforme Resolução Nº 59 da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), publicada no Diário Oficial do Estado de 30 de dezembro de 2021.
Apesar de manifestar preocupação, o Sindicombustíveis Bahia reafirmou em sua nota que não interfere no mercado e respeita a livre concorrência.
Preço da gasolina até 1º de janeiro de 2022 na Bahia
No estado, de acordo com pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio da gasolina praticado na bombas durante a última semana de 2021 foi de R$ 6,685. A próxima pesquisa, com previsão prevista para o próximo sábado (8), deverá trazer o primeiro reflexo do aumento.
Juazeiro foi o município com o produto mais caro, com preço médio de R$ 7,168, seguido por Eunápolis, com R$ 7,125. Na sequência aparecem três cidades do Centro-Sul do Estado – Brumado, R$ 7,984, Vitória da Conquista, R$ 6,852, e Guanambi, R$ 6,836. Feira de Santana tinha o menor preço, R$ 6,5335 em média, seguido por Irecê, a R$ 6,564 e Lauro de Freitas, R$ 6,574.
MUNICIPIO | Nº DE POSTOS | Preço Consumidor |
PESQUISADOS | PREÇO MÉDIO | |
JUAZEIRO | 10 | 7,168 |
EUNAPOLIS | 6 | 7,125 |
BRUMADO | 7 | 6,984 |
VITORIA DA CONQUISTA | 10 | 6,852 |
GUANAMBI | 10 | 6,836 |
ILHEUS | 11 | 6,805 |
PAULO AFONSO | 2 | 6,799 |
JEQUIE | 9 | 6,745 |
ITABUNA | 7 | 6,721 |
BARREIRAS | 7 | 6,623 |
SALVADOR | 86 | 6,617 |
CAMACARI | 12 | 6,593 |
SIMOES FILHO | 9 | 6,593 |
LAURO DE FREITAS | 11 | 6,574 |
IRECE | 6 | 6,564 |
FEIRA DE SANTANA | 23 | 6,535 |