Deve voltar a chover a partir deste fim de semana de forma significativa em boa parte da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco, principalmente em Minas Gerais, onde estão as nascentes dos principais afluentes. A formação de uma nova Zona de Convergência do Atlântico Sul será responsável por interromper a estiagem depois de semanas chuvosas em dezembro e início de janeiro.
Nesta sexta-feira (28), o nível do rio permaneceu estável na divisa de Minas com a Bahia. Nas últimas semanas, ele atingiu a maior vazão afluente registrada em quase 60 anos da conclusão da barragem da hidroelétrica de Três Marias, que chegou a 94% de seu volume útil e precisou abrir as comportas, retornando a 90% para deixar espaço para absolver as próximas chuvas. A partir de segunda-feira (31), as comportas serão fechadas gradativamente.
No municípios à jusante da barragem, o nível é o maior desde 2007 e o pico da cheia acabou de chegar na Bahia, após as águas avançarem lentamente sobre a parte baixa da cidade de Manga, última mineira banhada pelo Velho Chico. A cota permaneceu estável em 9,50 metros (m) nas últimas 24 horas e deve começar a diminuir nos próximos dias e seguir em ligeira elevação na Bahia, até Sobradinho, onde o reservatório da hidroelétrica chegou a 67,5% nesta quinta-feira (27).
Desta vez, segundo as informações dos modelos meteorológicos e institutos de meteorologia, as chuvas serão concentradas com maior intensidade nos municípios mineiros, principalmente à jusante de Três Marias e nas cabeceiras do rio das Velhas.
Em cidades como Arcos, Bambuí, Lagoa da Prata, Luz, Bom Despacho, Nova Serrana, Divinópolis, Pitangui e Pará de Minas, nas cabeceiras do São Francisco, os volumes acumulados em dez dias podem podem variar entre 130 mm e 180 mm.
Nos municípios das vertentes do rio Paraopeba, como Brumadinho, Betim e Sete Lagoas, os acumulados devem ficar entre 110 e 150 mm, enquanto Belo Horizonte, Itabirito e Ouro Preto e demais municípios do rio das Velhas devem registrar entre 120 e 140 mm.
Também há previsão de chuvas em volumes semelhantes em parte da região Noroeste, como João Pinheiro e Paracatu, com volumes entre 110 e 140 mm. Nas regiões de Buritis, Arinos e Chapada Gaúcha, a previsão é de precipitação de 80 a 110 mm.
Nas demais áreas, como a Região Central Mineira e Norte de Minas, os volumes esperados são um pouco menores de acordo com as previsões de momento, variando de 70 a 110 mm, desde Pirapora até a divisa com a Bahia.
Os volumes de chuva devem ser significativos nas bacias dos rios Parnaíba, Paraíba do Sul e Doce, com volumes também na casa de 150 mm nas principais cidade.
Nos municípios baianos da bacia, as chuvas devem ser mais concentradas nas cabeceiras dos rios Carinhanha, Corrente e Grande, com volumes entre 40 e 80 mm em Cocos, Luís Eduardo Magalhães e Barreiras, e inferiores a 50 mm no leito do rio, em Bom Jesus da Lapa, Carinhanha e Malhada, e na vertente da margem esquerda, como em Caetité e Guanambi.
Do reservatório da hidroelétrica de Sobradinho até a foz, na divisa de Alagoas com Sergipe, as previsões apontam volumes inferiores a 30 mm nos próximos 10 dias.
Controle de Cheia
O controle de cheia no rio São Francisco é feito pelas estatais Cemig, responsável pela Hidroelétrica de Três Marias, em Minas, e pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), operador da Hidroelétrica de Sobradinho. Desde o dia 12, após os reservatórios começarem a aumentar rapidamente por conta das cheias, iniciou-se o processo de abertura de comportas de forma gradual.
Apesar de muitas comunidades ribeirinhas serem afetadas com a cheia e com as inundações das lavouras, o rio não avançou de forma significativa sobre nenhuma cidade. Enquanto os afluentes como os rios Abaeté, das Velhas, Paracatu, Urucuia e Verde Grande escovar suas cheias, parte da água ficou retida em Três Marias e só foi liberada após o reservatório chegar próximo de sua capacidade.
Desta vez, embora as chuvas esperadas sejam menos significativas em algumas regiões, o rio que continua acima da cota de inundação em muitas cidades pode voltar a subir nas próximas semanas se os volumes esperados realmente se concretizarem.
Atualmente, Três Marias opera com defluência de 3.000 metros cúbicos por segundo (m³/s). A afluência que superou 9.200 m³/s caiu para menos de 1.700 m³/s, mas deve voltar a subir com a volta das chuvas e o volume deve voltar a subir com o fechamento de comportas.
Em Sobradinho, a vazão vai permanecer em 4.000 m³/s pelo menos até terça-feira (1º), quando será feita uma nova avaliação.
O rio São Francisco recebe somente em Minas Gerais as águas das chuvas de 240 municípios. Na Bahia são 115, em Pernambuco 69, 50 de Alagoas e 28 de Sergipe. O rio São Francisco também recebe águas de três municípios de Goiás, dois do Ceará e de parte do Distrito Federal.
Acompanhe as últimas matérias da cobertura da Agência Sertão da cheia no rio São Francisco:
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