Diante do cenário de mais chuvas nas cabeceiras do rio São Francisco e de seus afluentes à montante da Usina Hidroelétrica de Três Marais, a Cemig, responsável pela operação, decidiu reavaliar o fechamento das compostas, programado para começar nesta segunda-feira.
O fechamento será realizado em patamares, da mesma forma que foi realizada a abertura, para evitar impactos à vida aquática do rio São Francisco e proteger os terrenos das planícies naturais ocupada pelas águas. Anteriormente, a estatal anunciou que fecharia todas as comportas até a próxima sexta-feira (4), no entanto, a programação foi alterada e uma nova avaliação será feita no decorrer da semana.
Com a mudança, o fechamento será parcial, reduzindo de 3.000 metros cúbicos por segundo (m³/s) para 2.640 m³/s na segunda-feira (31), e para 2.200 m³/s na terça-feira (1º). As demais decisões serão tomadas de acordo com a efetivação das chuvas previstas até o dia 8 de fevereiro.
Programação de redução da defluência em Três Marias
- 31/01/2022, segunda-feira: redução da liberação de vazão para 2.640 m³/s (vazão turbinada + vazão vertida);
- 01/02/2022, terça-feira: redução da liberação de vazão para 2.200 m³/s (vazão turbinada + vazão vertida).
A Cemig destaca a importância da atuação das Defesas Civis locais, bem como da Defesa Civil Estadual e do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), auxiliando no acompanhamento dos efeitos da cheia natural que ocorreu ao longo do mês de janeiro.
“É com muita felicidade que se passa pelo evento crítico de maior valor já vivido e, mesmo assim, foi possível garantir a proteção ao importante patrimônio histórico e cultural da bacia do rio São Francisco, o vapor Benjamin Guimarães, que segue atracado para reforma e revitalização”, diz a empresa em nota.
Até este domingo (30), foram 17 dias de vertimento, desde a abertura até o fechamento na semana que segue, sempre buscando controlar os possíveis efeitos para o trecho de jusante e dar transparência à operação, bem como garantir tempo hábil para o monitoramento e as ações preventivas dos municípios ribeirinhos.
Ainda de acordo com a estatal, o evento foi capaz de produzir a subida no armazenamento do reservatório em mais de 7 metros, o que representou um aumento de mais de 40% em apenas 20 dias. Ainda assim, o poder de amortecimento dessa acumulação de água durante a cheia natural garantiu que o nível na região de Pirapora e Buritizeiro se mantivesse mais baixo que o evento vivenciado no dia 12 de janeiro, quando a usina se mantinha com o vertedouro fechado, mas o rio Abaeté (que deságua após a barragem) por si só foi capaz de produzir uma cota de inundação mais alta que as vividas ao longo desse período de vertimento.
Para os municípios mineiros é visto, pelo monitoramento da Rede Hidrometeorológica Nacional, que já se iniciou o esvaziamento da calha do rio São Francisco. Considerando que para o presente evento o tempo de viagem da cheia natural tem sido bastante lento, para os municípios baianos ainda é esperada a estabilização do nível do rio apenas ao longo deste final de semana.
Cheia na Bahia
O pico da cheia chegou à Bahia neste sábado (29), nos municípios de Carinhanha e Malhada, onde o nível se manteve estável nas últimas 24 horas. Neste momento, o maior volume de água encontra-se próximo ao município de Bom Jesus da Lapa, onde o nível chegou à cota de 9,11 m durante a madrugada, reduziu e se manteve estável em 9,08 m.
As águas estão escorrendo lentamente pelo leito do rio a afluência máxima no reservatório da Hidroelétrica de Sobradinho deve ser atingido até o fim da semana. O reservatório está próximo de 68%, com afluência de 5.570 m³/s e defluência de 4.000 m³/s, patamar que deve ser mantido pelo menos até terça-feira, quando a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) fará uma nova avaliação.