O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro gastou pelo menos R$ 7,8 milhões dos cofres públicos em atos de sua campanha à reeleição, na qual saiu derrotado em outubro do ano passado.
De acordo com reportagem do Jornal Gazeta do Povo, a maior parte dos recursos foi gasta com locação de veículos para o transporte terrestre da comitiva presidencial e de seguranças – R$ 3,4 milhões. Os cartões corporativos do presidente pagaram despesas no valor de R$ 1,9 milhão, a maior parte com hospedagem e alimentação dos seguranças. As passagens e diárias para seguranças e assessores custaram mais R$ 2,6 milhões.
Durante atos de campanha em três cidades da Bahia, foram gastos aproximadamente R$ 846 mil. No dia 27 de agosto, durante visita à cidade de Vitória da Conquista, foram gastos R$ 365 mil, sendo R$ 168 mil com aluguel de veículos e R$ 100 mil com cartões corporativos.
Já no dia 25 de outubro, já no segundo turno e bem perto do dia da eleição, o ex-presidente visitou as cidades de Guanambi, no Centro-Sul Baiano, e de Barreiras, no Extremo Oeste. Segundo a reportagem, foram gastos R$ 481 mil durante a curta estadia de Bolsonaro nas duas cidades baianas.
Segundo a reportagem, a maior parte do valor foi usada nos gastos com veículos , R$ 332 mil no total. O valor restante foi gasto com outras despesas, como alimentação e hospedagem. Além dos gastos contabilizados, os atos de campanha do ex-presidente mobilizaram equipes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Militar e outros órgãos municipais e estaduais.
Em Guanambi, Bolsonaro chegou ao Aeroporto Municipal Isaac Moura Rocha, e concedeu uma entrevista à imprensa local no saguão. Logo em seguida, ele partiu em carreta até a Praça Coronal Cajaíba, próximo à feira municipal, no Centro da cidade. No local, foi realizado um comício ao lado de lideranças políticas, como o prefeito de Guanambi, Nilo Coelho (União), e a prefeita de Vitória da Conquista, Sheila Lemos (União), além de deputados e outros correligionários. Após o fim do ato, ele seguiu para a cidade de Barreiras.
Dados abertos
Os dados de cada viagem presidencial foram obtidos por meio da Lei de Acesso à informação. Mas a Presidência da República informou apenas a data, o destino e o tipo de despesa (veículos, cartões, diárias e passagens) de cada viagem. Foram analisados os deslocamentos do presidente no período de 16 de agosto a 30 de outubro, quase a totalidade para eventos da campanha eleitoral. Mesmo nesses eventos, as despesas com seguranças e equipe de apoio são pagas com recursos públicos. A conta fica para o contribuinte.
Desde os primeiros dias do ano, foram várias as revelações sobre os gastos do presidente com o cartão corporativo. A mesa era farta e sofisticada no Palácio da Alvorada, com lagostins, camarões eviscerados, bacalhau dessalgado e outras iguarias. Os cartões pagaram ainda hospedagem de seguranças para Michelle e Carlos Bolsonaro e até combustível para motociata.