O prefeito Nilo Coelho (União) fez novas mudanças em sua equipe de governo. Desta vez, a alteração ocorreu em sua assessoria especial, responsável pela comunicação institucional. O novo responsável por gerenciar o contato com a imprensa e coordenar as campanhas publicitárias e informativas da gestão é o ex-vereador José Carlos Lélis Costa, o Latinha.

A mudança ocorreu após a prefeitura concluir uma licitação no valor de R$ 1,3 milhão para contratar uma agência que irá intermediar a prestação de serviços publicitários. Ou seja, o novo assessor entra com orçamento para realizar propagandas nos veículos de comunicação na expectativa de tentar melhorar a imagem aparentemente bastante desgastada do governo, que praticamente não investiu em publicidade paga nestes quase dois anos e meio por conta da alocação escassa de recursos para esta finalidade.

Latinha assume no lugar do antigo assessor, João Roberto Rocha Pina, que foi exonerado esta semana, juntamente com toda a a equipe de comunicação. A nomeação foi mais uma guinada partidária e ideológica do governo municipal. Enquanto o assessor especial tem uma história na militância de esquerda, que vai da esfera municipal à Federal, Nilo Coelho esteve a maior parte do tempo no espectro político oposto.

O novo assessor apoiou o atual presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), e o candidato do partido ao governo do estado, Jerônimo Rodrigues, como fez durante a maior parte de sua militância política, iniciada no movimento estudantil, ainda durante a ditadura militar, e no Partido Comunista do Brasil (PCdoB), legenda na qual militou por mais de 30 anos. Já o prefeito declarou abertamente seu voto no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no primeiro e no segundo turno, tendo inclusive o recebido para um comício na cidade há poucos dias do segundo turno, além de ser um crítico contumaz das gestões petistas.

Antes de Latinha, seu irmão Edson Luís Lélis Costa, o Dr. Luia, foi nomeado para a Secretaria de Saúde. Nas últimas eleições, o primeiro foi candidato a vereador pelo PT, e o segundo candidato a vice-prefeito na chapa liderada pelo PT. Nenhum dos dois conseguiu se eleger. Outro militante histórico do PT de Guanambi também entrou no governo Nilo, o ex-presidente da sigla no município, Dori Lobo, assessor de primeira hora do secretário de Saúde.

Além disso, Nilo Coelho nomeou seu adversário nas duas últimas eleições para a Secretaria de Planejamento, o ex-prefeito Jairo Magalhães, que no ano passado esteve como titular da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SDU) do ex-governador Rui Costa, pegando também de surpresa seus apoiadores mais tradicionais.

As nomeações de figuras consideradas de esquerda foram interpretadas com bastante estranheza por apoiadores históricos do prefeito, ainda mais após o aumento da polarização política do país, intensificada nas eleições de 2022.

Embora tenham ideologias muito diferentes, Nilo e Latinha já estiveram do mesmo lado em outras oportunidades. Em seu maior feito político, o prefeito de Guanambi chegou ao Governo da Bahia após formar uma chapa com Waldir Pires, reunindo partidos como PCB e PCdoB. Com a renúncia de Pires para concorrer ao cargo de vice-presidente em 1989, Coelho ficou à frente do governo até o fim do mandato.

Latinha por sua vez levou seu antigo partido, o PPL, para a coligação de Nilo que foi derrotada por Jairo Magalhães em 2016.

Aos 80 anos, o prefeito vem mostrado sinais de que está com a saúde debilitada, o que pode ser a razão de ingerências em sua gestão. Na cidade há praticamente um consenso de que quem vem exercendo o posto de prefeito de fato é seu filho Gercino, suposto responsável pelas recentes mudanças nos rumos da  administração.