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Salvador inicia obra de arena dedicada à capoeira

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A Prefeitura de Salvador deu início à construção da Arena da Capoeira, na Praça Marechal Deodoro – informalmente conhecida como ‘praça das mãozinhas’, no Comércio. O equipamento, além de servir como um espaço para prática, também contará a história dessa manifestação cultural, que é uma marca da capital baiana. A obra foi autorizada pelo prefeito Bruno Reis nesta sexta-feira (4), com investimento de R$ 2,6 milhões e prazo de 12 meses para a sua conclusão.

De acordo com informações da Secretaria de Comunicação Social (Secom), além de um palco para apresentações, a Arena da Capoeira terá um monumento composto por quatro arcos de aço de 12 metros cada, representando quatro berimbaus, que se unirão ao topo, dando o formato também de uma grande cabaça. No local, ainda haverá 10 esculturas, sendo oito em homenagem a mestres capoeiristas, que ficarão em cima de pedestais e ao redor da arena. As outras duas vão representar capoeiristas em pose de luta e ficarão na base central.

Como praticante de capoeira desde a juventude, Bruno Reis disse que desejava fazer essa homenagem à prática desde que era vice-prefeito. “A capoeira tem importância fundamental na nossa formação cultural, na nossa história, mas também no nosso presente e futuro. Seja como manifestação cultural, como modalidade esportiva, como atividade educacional, como prática socioassistencial. Enfim, seja como for enquadrada a capoeira, porque ela tem realmente toda essa diversidade”, disse.

“A capoeira precisava, merecia, uma homenagem como essa há muitos anos. E ela veio justamente nesse momento, em que a cultura e o Centro Histórico de nossa cidade estão sendo valorizados como nunca antes. Vocês estão vendo aí: nos últimos meses temos lançado diversas obras, diversos monumentos, para valorizar e resgatar o nosso patrimônio histórico, sobretudo nessa região”, disse.

A ideia é permitir interação direta do público com as esculturas, que terão tamanho natural e serão representações dos mestres Bimba, Waldemar, Canjiquinha, Pastinha, Besouro, Gato Preto, Noronha, Caiçara, Totonho de Maré e Aberrê. Os oito mestres homenageados foram escolhidos por meio de votação entre representantes atuais da capoeira.

A ideia é que a Arena da Capoeira tenha um duplo uso: como espaço para prática, mas também ponto turístico. Ela vai receber a visita constante de crianças e de adolescentes de escolas públicas. O objetivo é que elas conheçam mais a fundo a capoeira, sua história, seus mestres e, assim, desenvolvam o interesse por essa arte, promovendo-a para as próximas gerações.

Além disso, a Arena da Capoeira é mais uma iniciativa da gestão municipal para revitalizar o Centro Histórico e o Comércio. A implantação dela visa ocupar a Praça Marechal Deodoro e seus arredores com manifestações culturais e históricas, dentro da nova dinâmica que se pretende para a região desde a criação do Distrito Cultural.

Todas as obras serão confeccionadas em bronze pelo escultor André Moreno, filho do artista plástico baiano Tatti Moreno, falecido no ano passado. “Não se trata de meras esculturas, mas de um projeto monumental de homenagem à capoeira. Essa arte tem enorme valor para Salvador e está enraizada na história do Brasil, sendo reconhecida e declarada em 2014 pela Organização das Nações Unidas como Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade”, lembra o autor.

Reconhecimento

Vários grupos de Salvador foram convidados e participaram do evento. O Mestre Valtinho, do grupo Aceçapê, do Imbuí, levou um grupo de mulheres idosas que se apresentaram justamente no local em que futuramente ficará a arena. “A capoeira é para todas as idades. Prova disso é essa turma que trouxe aqui hoje, da melhor idade, que tem a capoeira como um trunfo na vida delas”, disse.

Valtinho foi um dos mestres que participaram da escolha dos homenageados. “Achei muito importante essa menção, esse resgate dos nossos mestres mais antigos. Com isso, eles vão estar para sempre aqui, ao redor da gente, e isso é muito importante. A cultura tem que viver e, para que a cultura viva, é preciso exercitar essa memória”, completou.

Mestre Pelé da Bomba, presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola, também levou o seu grupo e aprovou a criação da arena. “Isso é muito importante para a gente, para preservar a nossa cultura, para que o público assista aos capoeiras que vão se apresentar aqui. E esses capoeiras representam todo o país, e é fundamental também para as crianças que vão assistir e com certeza vão se inspirar e se apaixonar”, afirmou.

O projeto da arena é da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra). O titular da pasta, Luiz Carlos de Souza, destacou as várias facetas da obra. “Reconhece a história de luta e de superação dessa arte, de resistência também. Com isso, ela valoriza todos aqueles que lutaram anteriormente pela capoeira, mas também faz uma menção ao futuro. Ou seja, reconhece que essa luta vem de muitos anos, feita por muitas pessoas, mas aponta para essa nova geração que está chegando”, disse.

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