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Acumulado de chuva em Guanambi ultrapassa mil milímetros meses após seca histórica

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De agosto do ano passado até esta sexta-feira, 5 de abril, o acumulado de chuva medido pelo pluviômetro da Agência Sertão chegou a 1.046 milímetros (mm) em Guanambi. O registro é feito por meio de um pluviômetro instalado em um imóvel no Centro da cidade, com dados coletados diariamente.

As chuvas volumosas caíram em maior proporção a partir do início de 2024, com grande acumulado em janeiro, de 517 mm. Nos primeiros 96 dias do ano, foram registrados 837 mm, equivalentes a 80% de toda a chuva da temporada, com registros de muitos alagamentos e danos significativos às estradas rurais, já bastante castigadas por conta da falta de manutenção regular.

Este foi o maior acumulado registrado em um período chuvoso desde 2017/2018, quando a Agência Sertão começou medir as precipitações em Guanambi. O maior volume até então era de 903 mm, ocorrido na última temporada (2022/2023). Na região, as chuvas geralmente começam de forma tímida entre o fim do inverno e o início da primavera, intensificando a partir de novembro, e cessando na primeira metade do outono, em meados de abril.

Acumualdo de chuva Guanambi 2017 - 2024
Fonte: pluviômetro da Agência Sertão, no Centro de Guanambi

A primeira chuva volumosa do atual ciclo climático caiu sobre a cidade no dia 28 de agosto, ainda no inverno, com acumulado de 35 mm, algo bem incomum, uma vez que a média histórica para este mês é inferior a 2 mm. Nesta época, os efeitos da estiagem já eram bastante efetivos, uma vez que o volume de chuvas do fim do verão anterior ficou muito aquém do normal, com estiagem de 82 dias durante estação.

No mês de setembro não choveu nada e em outubro foram apenas 12 mm. A seca se agravou em novembro, quando, mais uma vez, teve chuva abaixo da média, de 59 mm. Somente no início do último verão, nas últimas semanas de dezembro, as chuvas começaram a aliviar a situação crítica vivida pelos agricultores e pecuaristas da região e pela população rural que enfrentou problemas de abastecimento. Mesmo assim, o acumulado do último mês do ano foi de 102 mm, menos da metade da média dos seis anos anteriores, que é de 210 mm.

Além da falta de chuvas, a última primavera foi marcada por sucessivas ondas de calor, com registros de temperaturas históricas em várias localidades da Bahia, Minas Gerais e outros estados. A ocorrência do El Niño intenso foi o principal fator da anomalia climática que afetou todo o país, causando chuvas muito acima do normal na metade sul e secas históricas na metade norte.

Chuvas irregulares

Em outros pontos do município, os volumes de chuva variaram para cima ou para baixo em relação ao acumulado medido na cidade. Na estação meteorológica do Instituto Federal Baiano, no distrito de Ceraíma, o acumulado até o momento é de 847 mm, cerca de 19% menor.

Fonte: Estação Meteorológica Automática – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano Campus Guanambi, BA. Comunicação pessoal, Sérgio Donato. 05 Abril de 2024.

Entretanto, medidas não oficiais relatadas por leitores da Agência Sertão indicam acumulados acima de 1.200 milímetros em algumas localidades, como na região do distrito de Morrinhos, onde a altitude da Serra Geral influencia a ocorrência de mais chuvas e de temperaturas amenas.

Vale ressaltar que Guanambi e outros municípios da Bahia vivem um apagão meteorológico devido à falta de manutenção nos equipamentos de medição oficial. Desde outubro, a estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), localizada no Aeroporto Municipal Isaac Moura Rocha, deixou de funcionar. Até o momento, o órgão não enviou técnicos para concerta-lá e nem forneceu uma previsão para que isso aconteça.

Além disso, o pluviômetro automático do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), localizado em uma fazenda às margens da BR-030, na saída para Palmas de Monte Alto, não registra dados há mais de um ano pelo mesmo motivo.

Barragens

As chuvas expressivas dos últimos três meses melhoraram significativamente os níveis dos principais reservatórios do município. A barragem de Poço do Magro sangrou pela segunda vez no ano com as chuvas do início da semana. Já a Barragem de Ceraíma acumula quase 83% de sua capacidade.

No município de Urandi, o reservatório da Barragem de Cova da Mandioca, o maior da região com capacidade para 120 milhões de metros cúbicos (hm³), está a apenas 70 centímetros de seu nível máxima, com mais de 99% de seu espaço preenchido. Construída em 1991, a barragem só sengou uma vez, no ano de 1996, já 28 anos.

Previsão de mais chuvas

As previsões de médio e longo prazo indicam que ainda deve voltar a chover em Guanambi antes do início definitivo do período de estiagem. Os principais modelos internacionais mostram que podem ocorrer precipitações de 20 a 80 mm até fim do mês.

Modelo GFS
Modelo GFS é o mais otimista, indicando possibilidade de chuvas de até 80 mm na região no início da segunda quinzena do mês – Weatherbell.com

Para a próxima semana, a previsão indica probabilidade apenas de chuva fraca e pancadas isoladas nas Região de Guanambi. A partir do início da segunda quinzena do mês, há possibilidade de ocorrerem novas precipitações significativas. Em maio também pode voltar a chover nas primeiras semanas, no entanto, as previsões de momento indicam probabilidade apenas de volumes baixos.

 

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