O território quilombola Fojo teve os 1.343,8 hectares do seu perímetro reconhecidos e declarados pelo Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária (Incra) como terras remanescentes de quilombo.
A comunidade está localizada no município de Itacaré, na Região de Ilhéus-Itabuna, no litoral sul da Bahia.
A portaria de reconhecimento foi publicada nesta sexta-feira (17), no Diário Oficial da União. O documento tem a função de definir os limites finais do território.
O Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) do Fojo, publicado em 2015, contabilizou 65 famílias quilombolas vivendo no local. O quilombo foi certificado pela Fundação Cultural Palmares (FCP) em 2006.
Histórico
O marco do Fojo foi a chegada do escravizado Alfredo Gomes, que fugiu guiando-se pelo rio de Contas, em 1880. O nome do quilombo foi definido a partir das armadilhas de caça utilizadas por ele para garantir a subsistência.
Eram covas fundas feitas na terra e cobertas com folhagens secas, onde caiam os animais que serviam de complemento às refeições.
De acordo com o RTID, os descendentes de Alfredo Gomes transmitem entre as gerações que o avô aprendeu a técnica do fojo no período colonial. As armadilhas também eram feitas nas florestas pelos capitães-do-mato para “capturar” os escravizados fugitivos.
A área da comunidade é caracterizada pela preservação ambiental possibilitada pelo difícil acesso à localidade e por áreas de impossível deslocamento por carro ou barco.
Alguns trechos da mata nativa sofrem com os desmatamentos feitos pelos fazendeiros locais. A esperança dos quilombolas é que, com o andamento do processo, o desmate acabe.