back to top

Projeto de microrreator nuclear recebe investimento de R$ 30 milhões

O Brasil deu um passo estratégico em direção ao futuro da energia limpa e segura com a assinatura, nesta terça-feira, 17 de junho, do contrato para o desenvolvimento e testes de tecnologias críticas aplicáveis aos Microrreatores Nucleares (MRN).

A iniciativa, firmada em Brasília, é fruto de uma parceria entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), e representa um investimento total de R$ 50 milhões, sendo R$ 30 milhões em subvenção econômica e R$ 20 milhões como contrapartida das empresas participantes.

Liderado pela empresa Diamante Geração de Energia, o projeto envolve também as Indústrias Nucleares do Brasil (INB), a startup Terminus Pesquisa e Desenvolvimento em Energia, além de nove instituições científicas e tecnológicas, como a Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e centros ligados à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), entre outros.

Durante a solenidade, a ministra Luciana Santos destacou que os microrreatores representam uma “inovação radical” para o país e para o mundo, sendo uma tecnologia originalmente desenvolvida para aplicações espaciais, agora adaptada para geração de energia em solo.

Segundo ela, diante da emergência climática e da necessidade de uma transição energética, a energia nuclear surge como uma aliada essencial para garantir segurança e sustentabilidade.

Pedro Litsek, CEO da Diamante Geração de Energia, reforçou que a aposta na energia nuclear é estratégica. “Não há outra fonte que possa substituir os combustíveis fósseis com a mesma confiabilidade e eficiência”, afirmou. Já o presidente da Finep, Elias Ramos, classificou o projeto como um dos mais robustos já apoiados pela instituição.

A proposta prevê a construção de uma Unidade Crítica (UCri), um pequeno reator de aproximadamente 100 watts, que servirá como plataforma de testes para parâmetros físicos e de segurança.

Além disso, serão desenvolvidas bancadas experimentais e materiais avançados, como ligas metálicas à base de urânio, berílio e nióbio, usando técnicas de manufatura aditiva. O objetivo é consolidar a capacitação nacional nesse setor considerado altamente estratégico.

Com alta segurança, baixa pegada de carbono e portabilidade, os microrreatores prometem levar energia a comunidades isoladas, indústrias, sistemas de dessalinização e até infraestrutura de carregamento para veículos elétricos.

A ministra Luciana Santos enfatizou que a tecnologia poderá abastecer municípios com menos de 20 mil habitantes sem depender de grandes linhas de transmissão — realidade de cerca de 68% das cidades brasileiras.

O presidente da CNEN, Francisco Rondinelli Júnior, apontou que o projeto poderá gerar impacto direto na economia de cidades como Santa Maria (RS), envolverá universidades em pesquisas de ponta, estimulará a indústria nacional e resultará em um modelo compacto e eficiente de microrreator, com vida útil estimada de até dez anos.

Presente na cerimônia, o Almirante de Esquadra Alexandre Rabello destacou o papel histórico da Marinha do Brasil no avanço das tecnologias nucleares, ressaltando que o domínio dessas soluções é fundamental para a soberania nacional e o progresso científico do país.

A expectativa é que os primeiros microrreatores com potência de até 5 MW, encapsulados em containers de 40 pés, possam entrar em operação comercial no Brasil dentro de oito a dez anos.

“Estamos escrevendo um novo capítulo da história nuclear do Brasil, usando a ciência a serviço de um desenvolvimento sustentável e inclusivo”, finalizou a ministra.

Notícias Relacionadas

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Sair da versão mobile