Vera Lúcia Ranu, mãe de Fabiana Renata, desaparecida aos 13 anos em 1992, participou nesta terça-feira, 5 de agosto, do lançamento da terceira Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas, em Brasília. A campanha, que vai até 15 de agosto, busca coletar material genético de familiares para inclusão em bancos de dados estaduais, distrital e nacional de perfis genéticos.
De acordo com a Agência Brasil, Vera, representante do Movimento Nacional de Familiares de Pessoas Desaparecidas, destacou a esperança que a campanha traz para encontrar desaparecidos há muito tempo. “Vimos a possibilidade de uma resposta”, afirmou. A campanha incentiva a coleta voluntária de material genético, com 334 pontos de coleta disponíveis nas 27 unidades da federação.
Durante a cerimônia de lançamento, o secretário Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Mario Sarrubbo, ressaltou que a mobilização visa resgatar a dignidade e dar respostas às famílias de desaparecidos. “É um projeto que diz respeito à dignidade das famílias”, disse. A coleta de DNA é preferencialmente feita por familiares de primeiro grau, como pais, filhos e irmãos.
A diretora do Sistema Único de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Isabel Seixas de Figueiredo, explicou que o procedimento de coleta é contínuo e disponível durante todo o ano nos institutos de Criminalística das polícias Civil dos estados e do Distrito Federal. “Nesses dez dias de campanha, a gente intensifica a divulgação desse serviço”, afirmou.
Para a coleta, os familiares devem apresentar um documento de identificação e a cópia do boletim de ocorrência do desaparecimento. A coleta consiste em esfregar um cotonete na bochecha ou retirar uma gota de sangue do dedo do voluntário. O DNA será usado exclusivamente para encontrar parentes desaparecidos, conforme garantido pelo ministério.
Resultados Anteriores
Na segunda edição da campanha, em 2024, foram coletadas 1.645 amostras, resultando na identificação de 35 pessoas desaparecidas. Nove dessas histórias foram reunidas no caderno digital “Transformando Números em Histórias”, lançado nesta terça-feira.
“Parece que foram poucos esses 35 casos resolvidos, mas são 35 famílias que põem um ponto final em uma agonia”, destacou Sarrubbo.
Um dos casos destacados foi o do filho de Glaucia Lira, desaparecido há 12 anos. A confirmação do óbito chegou quatro anos após a coleta de sangue em 2021.
“Gostaria muito que tivesse terminado tudo diferente. Meu filho, infelizmente, não está mais aqui. Mas hoje, eu sei que ele está em um determinado local”, disse Glaucia, valorizando o trabalho da campanha.