O Aquário da Bacia do Rio São Francisco, integrante do Zoológico de Belo Horizonte, passou a contar com 50 novos exemplares de pacamã (Lophiosilurus alexandri) em fase juvenil. Os peixes agora integram o plantel e as ações de pesquisa e educação ambiental da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB).
A iniciativa reforça o compromisso da instituição com a conservação da biodiversidade. O pacamã é uma espécie endêmica do Rio São Francisco e encontra-se classificada como vulnerável na Lista Internacional de Espécies Ameaçadas da IUCN (2025) e na Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA, 2022).
Os novos indivíduos nasceram em um projeto de pesquisa desenvolvido pelo Laboratório de Aquacultura (Laqua)da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordenado pelo professor pós-doutor Ronald Kennedy Luz. O projeto é patrocinado pelo Dr. Bruno Vicintin, CEO da Rima Industrial S/A, que também é parceira da iniciativa voltada à preservação de espécies ameaçadas.
A diretora da Zoobotânica e gerente interina do Zoológico, Sandra Cunha, ressalta que o pacamã possui crescimento lento e hábitos sedentários, características que tornam seu manejo ainda mais desafiador.
Os novos habitantes passam por um período de quarentena, procedimento necessário para avaliação de saúde e adaptação ao novo ambiente. Em breve, parte dos peixes será transferida para os tanques de visitação pública, enquanto o restante permanecerá no laboratório, onde serão desenvolvidas pesquisas e ações de reprodução.
Em novembro de 2024, o Aquário registrou um marco importante: o nascimento inédito de três filhotes de pacamã, resultado de uma bem-sucedida tentativa de reprodução em cativeiro. Na época, a instituição contava com apenas seis indivíduos adultos, todos com expectativa de vida já superada.
Espécie exclusiva da bacia do São Francisco, o pacamã pode atingir até 70 centímetros de comprimento e 8 quilos. Trata-se de um peixe de hábitos noturnos e comportamento sedentário, que permanece camuflado no fundo de rios e lagos, enterrado na areia à espreita de pequenas presas. É carnívoro (piscívoro) e se alimenta principalmente de outros peixes. Possui corpo e cabeça achatados, revestidos por couro marrom com pintas escuras, além de três pares de barbilhões sensoriais e uma mandíbula proeminente com dentes visíveis além do maxilar superior.
Com a chegada dos novos exemplares, o Aquário da Bacia do Rio São Francisco reafirma seu papel como importante centro de pesquisa, conservação e educação ambiental sobre a fauna das águas brasileiras.
