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Cinco novas espécies descobertas na Caatinga recebem nomes regionais

Cinco novas espécies descobertas na Caatinga recebem nomes regionais

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Pesquisadores do Laboratório de Mirmecologia do Sertão, vinculado ao Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna), anunciaram a descoberta de cinco novas espécies de insetos no bioma da Caatinga.

As espécies identificadas incluem duas vespas parasitoides, dois besouros e uma formiga, todas encontradas em áreas do norte da Bahia, próximas aos municípios de Casa Nova e Pilão Arcado.

Os estudos foram coordenados pelo professor Benoit Jean Bernard Jahyny, que destacou que novas espécies ainda devem ser descritas em breve.

As descobertas ocorreram nas paleodunas do Rio São Francisco, formações arenosas com cerca de 250 mil anos, onde a vegetação antiga abriga micro-habitats ricos em artrópodes, grupo que inclui insetos e aracnídeos.

Uma das espécies já descritas em publicação no periódico científico Zootaxa é o besouro Athyreus arretado, pertencente à família Geotrupidae, importante na decomposição de matéria orgânica.

O inseto, de 2,3 cm de comprimento, tem coloração marrom-avermelhada e um chifre em formato de “J” atrás da cabeça, o que o diferencia das demais espécies do gênero. O nome “arretado” é uma homenagem ao modo de falar nordestino, comum entre os pesquisadores da região.

Outra espécie nomeada com sotaque local foi a formiga Eurhopalothrix oxente, de apenas 2,5 mm, coletada em fragmentos de mata ciliar nas margens do São Francisco.

O pequeno inseto possui pelos em forma de escamas e mandíbulas com nove dentes triangulares, sendo o quarto o mais proeminente. Segundo os pesquisadores, ela é provavelmente predadora de pequenos artrópodes.

Entre as vespas descobertas está a Gonatopus cambitos, uma parasitoide da família Dryinidae, conhecida como “vespa de pinças”. As fêmeas dessa espécie têm patas dianteiras modificadas para segurar cigarras, nas quais depositam os ovos.

A larva se desenvolve alimentando-se do hospedeiro. Outra vespa, a Olixon caju, também parasitoide, foi identificada no litoral de Sergipe, em parceria com o mesmo grupo de pesquisa.

Completando a lista, os cientistas também descreveram a joaninha Coeliaria almeidae, de 3 mm, de coloração castanha uniforme, sem as manchas típicas das joaninhas mais conhecidas.

O grupo de pesquisa do Cemafauna, ligado à Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), já catalogou mais de 100 espécies de insetos em suas expedições, muitas delas endêmicas da Caatinga. O bioma, único exclusivamente brasileiro, abriga mais de três mil espécies de insetos, reforçando sua importância ecológica e científica.

“Essas descobertas mostram como ainda há muito a ser conhecido sobre a biodiversidade da Caatinga e sua fauna invertebrada”, destacou o professor Benoit Jahyny.

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