Foto: Série Reiseiros
Seu Alziro

Morreu Seu Aziro, ícone do reisado em Guanambi aos 97 anos

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Faleceu na última terça-feira, 14 de outubro, em sua residência no distrito de Morrinhos, em Guanambi, Alziro Moreira de Almeida, conhecido como Seu Alziro do Reis de Morrinhos, aos 97 anos. O sepultamento ocorreu na tarde de quarta-feira (15), no cemitério local, reunindo familiares, amigos e admiradores da cultura popular.

O falecimento de Seu Alziro gerou grande comoção em Morrinhos e Guanambi. Grupos culturais prestaram homenagens ao mestre, lembrando sua importância para a identidade cultural da região. O sepultamento, marcado por cânticos e emoção, simbolizou a despedida de um dos maiores representantes do reisado baiano.

Vida dedicada ao reisado e à cultura popular

Reconhecido como um dos maiores mestres do reisado do Alto Sertão baiano, Seu Alziro dedicou mais de sete décadas à preservação dessa tradição. Apaixonado pelo folguedo desde a infância, era conhecido como o “Menestrel do Terno de Reis”, entoando as toadas com voz firme e respeito aos instrumentos tradicionais, como zabumba e ganzá, sempre produzidos de forma artesanal.

Defensor das origens da Folia de Reis, mantinha o ritual completo das apresentações — da marcha de chegada à de retirada — e valorizava os 114 versos da Ciência do Reis Verdadeiro, base bíblica das cantorias. Também preservava a tradição do aprisionamento das bandeiras entre os ternos, prática simbólica que testava a criatividade e devoção dos grupos.

Além do papel de guardião da cultura, Seu Alziro teve intensa participação social. Na juventude, destacou-se como jogador de futebol e, junto a parceiros como Sebastião Pimentel, fundou o Festival de Reis de Morrinhos há mais de 30 anos. O evento se consolidou como um dos maiores encontros culturais do Sertão Baiano, reunindo dezenas de ternos e atraindo visitantes de toda a região.

Reconhecimento e legado

Com carisma e liderança, Seu Alziro era presença indispensável nas celebrações da comunidade. Sua alegria e devoção inspiraram gerações, que o reconhecem como mestre e símbolo da cultura popular. Ele deixa filhos, netos, bisnetos, tataranetos e inúmeros admiradores. A esposa, dona Ilda, e o filho Geraldo faleceram antes dele.

Gravações e registros de sua música foram lançados em CDs, garantindo que sua voz e seu estilo continuem vivos. O festival que ajudou a fundar segue como herança cultural e espaço de resistência das tradições do reisado no Sertão.

Com informações de José Roberto Teixeira

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