A cientista brasileira Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, foi anunciada como a vencedora do Prêmio Mundial de Alimentação 2025, considerado o “Nobel” da agricultura. De acordo com a Agência Brasil, o prêmio reconhece suas contribuições significativas no desenvolvimento de insumos biológicos para a agricultura. A cerimônia de premiação ocorrerá no dia 23 de outubro, em Des Moines, nos Estados Unidos.
O anúncio foi feito em 13 de maio, na sede da Fundação World Food Prize, instituição criada por Norman Borlaug, Nobel da Paz e considerado o “pai” da Revolução Verde. O prêmio tem como objetivo reconhecer personalidades cujos trabalhos contribuem de forma significativa para melhorar a qualidade e a disponibilidade de alimentos no mundo, uma área que não é contemplada nas premiações oficiais do Nobel.
Mariangela Hungria expressou sua alegria com o reconhecimento, ressaltando que sua principal contribuição foi a promoção de uma agricultura sustentável. “Estou imensamente feliz, ainda não consigo acreditar, é uma grande honra, um reconhecimento mundial”, afirmou. Ela destacou a importância de substituir fertilizantes químicos por alternativas biológicas para combater a fome de forma mais sustentável.
A governadora de Iowa, Kim Reynolds, elogiou a trajetória de Mariangela, fazendo uma comparação com o fundador do prêmio, Norman Borlaug. “A trajetória da Dra. Hungria reflete a perseverança e a visão de uma cientista extraordinária”, afirmou Reynolds. Gebisa Ejeta, presidente do Comitê de Seleção do prêmio, enfatizou as “extraordinárias realizações científicas” de Mariangela na área de fixação biológica de nitrogênio, que transformaram a sustentabilidade agrícola na América do Sul.
Alexandre Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja, celebrou a conquista, destacando o impacto positivo do trabalho de Mariangela na sojicultura e na vida dos produtores rurais. Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, também comemorou o prêmio, ressaltando o protagonismo feminino na ciência agrícola.
Mariangela Hungria é reconhecida por mais de 40 anos de pesquisa em microbiologia do solo, focando em aumentar os rendimentos das culturas com menores custos e impactos ambientais reduzidos. Suas pesquisas têm como objetivo substituir fertilizantes químicos por microrganismos capazes de fixar nitrogênio e solubilizar fosfatos. Em 2024, sua tecnologia de inoculação para a soja resultou em uma economia de cerca de 25 bilhões de dólares em adubos nitrogenados, além de evitar a emissão de mais de 230 milhões de toneladas de CO₂.
Além de seu trabalho com soja, Mariangela coordena pesquisas em outras culturas como feijão, milho e trigo, promovendo a coinoculação com bactérias benéficas. Em 2021, sua equipe lançou uma tecnologia que reduz em 25% a necessidade de fertilização nitrogenada no milho, beneficiando tanto os agricultores quanto o meio ambiente.
O Prêmio Mundial de Alimentação foi idealizado por Norman E. Borlaug para reconhecer as contribuições excepcionais para a pesquisa agrícola. Criado em 1986, o prêmio inclui uma premiação de 500 mil dólares e uma escultura projetada por Saul Bass. Três brasileiros já receberam a honraria: Edson Lobato e Alysson Paulinelli, em 2006, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2011.
Mariangela Hungria possui uma carreira acadêmica e profissional impressionante. Ela é graduada em Engenharia Agronômica pela Esalq/USP, tem mestrado e doutorado em Ciência do Solo, além de pós-doutorado em universidades renomadas. Membro de várias academias científicas, Mariangela já foi agraciada com diversos prêmios por sua contribuição à sustentabilidade na agricultura.