Fiscais encontraram trabalhadores em situação de trabalho análogo ao escravo nas oficinas das marcas de Animale e A.Brand, que fazem parte do grupo Soma. A equipe de fiscalização é composta por membro da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo, com o auxílio de auditores da Receita Federal.
Os costureiros ganhavam, em média, R$ 5 para costurar roupas vendidas por até R$698. Os casos foram divulgados pela Repórter Brasil, que acompanha casos de trabalho escravo no país. De acordo com o grupo, os funcionários trabalhavam mais de 12 horas por dia, no mesmo local onde dormiam, e ainda tinham que dividir o espaço com baratas e instalações elétricos que ofereciam risco de incêndio.
A fiscalização foi realizada em setembro. Os auditores constataram trabalho análogo ao escravo por causa das jornadas excessivas e as condições degradantes, o que caracteriza o crime, de acordo com o Código Penal. Segundo a Repórter Brasil, os trabalhadores não ganhavam salário mensal e somente por peça costurada.
De acordo a Repórter Brasil, as oficinas eram pequenas e improvisadas, com mesas e bancos escolares, em algumas delas não havia janelas. Lá também tinham botijões de gás, com que aumentava o risco de incêndio, por causa dos tecido que se acumulavam no local. Todos os dez trabalhadores, cinco homens e cinco mulheres, eram bolivianos que chegaram ao Brasil nos últimos cinco anos. Por viverem em situação de extrema vulnerabilidade, também foi constatado o tráfico de pessoas.
Por meio de nota, o grupo Soma negou que tivesse conhecimento das situações em que se encontravam os trabalhadores e das jornadas de trabalho a que eles eram submetidos. “Embora não seja diretamente responsável pelas condições de trabalho de oficinas contratadas para a execução de algumas etapas do processo produtivo, segue o rigoroso cumprimento das determinações previstas em lei e faz, em parceria com seus clientes, vistorias frequentes nestas empresas, realizando procedimentos preventivos de modo a assegurar a absoluta observância das melhores práticas nas operações”, diz um trecho da nota.