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Rumo ao abate, jumentos morrem de fome e sede em Itapetinga

Alguns animais são jogados em um riacho que deságua no Rio Catolé, muito utilizado para diversas atividades pela comunidade itapetinguense e da região

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Um caso explícito de maus-tratos que já resultou na morte de um número indefinido de jumentos tem causado perplexidade em Itapetinga, conhecida pela forte atuação na pecuária.

De acordo com informações do Correio*, cerca de 2 mil desses animais, oriundos de vários estados do Nordeste, chegaram ao município nos últimos dois meses para serem abatidos num frigorífico local que, segundo a Polícia Civil, possui autorização para realizar o serviço.

Os responsáveis pelos animais são dois chineses que a polícia preferiu, por enquanto, não divulgar os nomes para não prejudicar as investigações, mas é certo que vão responder por crime ambiental por deixar os animais com fome e sede.

A falta de alimentação e água, inclusive, é a principal razão para a morte dos animais, que chegam em carretas ao local, já debilitados. Muitos deles são fêmeas prenhas, as quais, por sua vez, estão perdendo as crias.

Imagens em fotos e vídeos feitas pela ONG SOS Animais, que atua na defesa dos direitos dos animais em Itapetinga, mostram jumentos mortos e feridos em diversas partes do corpo .

Os animais mortos estão sendo amontoados uns por cima dos outros num terreno localizado atrás do Frigorífico Sudoeste, onde ocorrem os abates. Um vídeo gravado no último domingo (2) mostra um animal ainda com vida por baixo de carcaças.

O jumento ainda tenta se levantar, mas não consegue devido ao peso que está por cima. Outros são jogados em um riacho que deságua no Rio Catolé, muito utilizado para diversas atividades pela comunidade itapetinguense e da região.

Segundo o Correio*, a Polícia Civil, por meio do delegado Antonio Roberto Júnior, coordenador da 21ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin), em Itapetinga, informou que esteve no local e que foi feita uma perícia para constatar os problemas.

Roberto Júnior informou que os chineses responsáveis pelos abates, com o auxílio de um intérprete, negaram que estariam cometendo maus-tratos. Depois de ouvidos, foram liberados.

O caso está sendo acompanhado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), que instaurou inquérito para apurar o caso. Nessa terça-feira (4), o promotor Gean Carlos Leão enviou ofícios à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, à Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) e à Delegacia de Polícia local para saber as providências.

O promotor requisitou à secretaria que inspecione a propriedade rural Fazenda Barra da Nega para verificar eventual licenciamento da área destinada ao confinamento e o suposto dano ambiental acarretado pela morte dos animais e destinação inadequada das carcaças.

Foi requisitado à Adab que inspecione a fazenda e o frigorífico Sudoeste para averiguar as condições sanitárias dos animais, identificando eventuais irregularidades. À Delegacia, o promotor solicita que seja encaminhada cópia do Boletim de Ocorrência em que foram registrados os maus-tratos a que estariam submetidos os jumentos na Fazenda Barra da Nega.

A Prefeitura de Itapetinga informou que a Vigilância Sanitária Municipal esteve na sexta-feira na área onde estavam confinados os jumentos que seriam abatidos, e que junto com a Adab e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente “inspecionou a área e fez intervenções importantes para a saúde pública e para o bem estar dos animais”.

A Adab de Itapetinga informou que se reunirá nesta quarta-feira (5) com o MP-BA para informar sobre providências tomadas no local, mas não deu detalhes.

O Frigorífico Sudoeste, por sua vez, declarou que apenas está realizando o abate dos animais e que trabalha em conformidade com as normas sanitárias do Ministério da Agricultura.

 

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