Construção da Barragem de rejeitos é pauta na câmara de Guanambi novamente

Geovane Santos | Agência Sertão

Após o rompimento das barragens de Mariana e sobretudo a de Brumadinho, as discussões sobre a temática vem tomando proporções consideráveis em relação aos métodos de segurança utilizados pelas mineradoras. Em Guanambi (BA) a eminente possibilidade da construção de uma barragem de rejeitos na região, pretendida pela Bahia Mineração (Bamin), vem causando insegurança a população.

Na noite desta segunda-feira (22), na sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Guanambi houve um pronunciamento, na tribuna livre, para solicitação de audiência pública com a Bamim, visando uma discussão sobre o processo de construção da barragem de rejeitos.

A Bamin propõe construí-la no leito do riacho Pedra de Ferro, localizado na divisa dos municípios de Caetité e Pindaí. O riacho é um dos afluentes do rio Carnaíba de Dentro, um dos principais formadores do lago da barragem de Ceraíma, distrito de Guanambi.

O pronunciamento na Câmara foi realizado pelo cirurgião dentista, Evilásio Bonfim, ao qual promoveu uma divulgação prévia, nas redes sociais, para que a população guanambiense participasse da sessão. Evilásio explica que a ideia surge a partir do fórum de discussão sobre políticas públicas e meio ambiente, realizado pelo Centro Universitário – UniFG, no dia 28 de março.

“No fórum foi discutido a implantação da mina Pedra de Ferro e foi dito que havia aprovado essa barragem, logo acima de Ceraíma. Eu conversei com o pessoal da UniFG, estudei o assunto, e vi que realmente foi aprovada pelo Instituto do Meio ambiente e Recursos Hídricos (Inema), em 21 de março, a instalação dessa barragem de rejeitos à 14 Km, acima do lago que fornece água para Ceraíma, ou seja, se ela quebrar todo o material descerá para Ceraíma e consequentemente para Guanambi”, alerta Evilásio.

Os argumentos de Evilásio foram com base nas tragédias recentes no Brasil e o rompimento da barragem de Ceraíma em 1960, a época em construção e chamada de barragem do Gentio, além da precariedade da fiscalização dos órgãos responsáveis.

“Eu fico temeroso porque o nosso país não tem fiscalização. Eu pude apurar lendo que para 24 mil barragens nós temos 34 fiscais e os eventos como esse da Vale geram multas irrisórias, os caras não pagam, ou seja é mais barato matar do que prevenir”, critica Evilásio.

Por fim, Evilásio orienta que a melhor forma de reverter essa decisão é a população se mobilizar, pressionando os responsáveis para que uma audiência pública seja realizada. Em suas reivindicações ele propõe que a barragem seja construída em um local que não atinja a cidade em um eventual rompimento, ou uma opção de exploração sem a diluição do material e consequentemente a necessidade de uma barragem de rejeitos.

Na câmara, os vereadores ouviram atentamente as reivindicações de Evilásio e o parabenizou pela iniciativa. Além disso, o presidente da câmara Zaqueu Rodrigues enfatizou que os vereadores também estão preocupados com a construção da barragem e que a vereadora Maria Sivia (Lilia) pediu uma audiência pública e agora esperam a resposta ainda essa semana. Os vereadores que se pronunciaram na sessão manifestaram, de forma unânime, serem contrários a construção da barragem nos moldes atuais.

A barragem de rejeitos que a Bamin pretende construir terá 180 milhões de metros cúbicos e será instalada em um vale, ao lado da Usina de Beneficiamento, para conter os rejeitos da operação. A empresa informou a Agência Sertão, em março deste ano, que o local foi cuidadosamente escolhido por ser mais adequado, seguro e ideal para a Instalação.

Segundo reportagem publicada pelo jornal Correio 24 horas, a Bamin alterou o método que será utilizado para a construção da barragem com a finalidade de garantir mais segurança ao armazenamento de rejeitos sólidos que serão produzidos pela mina para o  processamento do minério. O barramento será construído por meio do alteamento a jusante, segundo solicitação da gestão estadual.

O projeto original previa a execução do barramento a montante, uma técnica menos onerosa e menos segura. Após pressão de órgãos governamentais, foi escolhido o método a jusante, que em tese é mais seguro e com maior controle operacional.

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