No último mês, diversos professoras e professores do Brasil inteiro estão batalhando para se adaptarem a uma nova rotina: o ensino remoto emergencial (ERI). Diante do contexto de pandemia do Coronavírus (COVID-19), unidades escolares tiveram que ser fechadas para evitar aglomerações e consequentes contágios pelo vírus. Porém, diante de uma conjuntura de desinformação e pouco planejamento, docentes e discentes tiveram que se adaptar a uma realidade de ensino que não mais o presencial, mas que ao mesmo tempo também não é o ensino a distância, pois poucas instituições de ensino, professoras e professores e também poucos estudantes estavam preparados para essa nova realidade.
Enquanto o ensino a distância preconiza que haja uma infraestrutura para oferta de ensino, uma rede de professores e tutores, uma formação docente e discente para o uso das plataformas e recursos, o ensino remoto emergencial ora implantado em poucos casos garantiu isso. Por isso, a literatura recentíssima em educação denomina essa forma de ensino que estamos “criando” de ensino remoto emergencial.
Lidar com contextos extremos como esse que estamos vivendo, com todas as mudanças abruptas, exige de nós calma. Não se muda abruptamente sem prejuízos um plano de ensino pensado para aula presencial para uma aula remota. Por isso, muitas instituições de ensino, como a UFMG, têm analisado isso com muita cautela.
E os que não podem fugir dessa mudança abrupta? Mães e pais que se tornaram tutores educacionais dos seus filhos em diversas disciplinas enquanto têm que cumprir sua carga horária de trabalho remoto, de cuidados familiares, e com cuidados domésticos que ainda sobrecarregam demasiadamente as mulheres. Com estudantes que receberam materiais e mais materiais para estudar e ainda não conseguiram encontrar o “fio da meada” de como se organizar. De professoras e professores que desesperadamente tentam em pouco tempo se tornarem Youtubers, sendo por vezes, mal pagos, desvalorizados e imensamente cobrados por outras pessoas da instituição de ensino, por estudantes, por familiares de alunos e tendo que brigar com seus próprios familiares por um lugar reservado na casa.
Diante disso tudo, vale alguns esclarecimentos e dicas:
Educadores, pais, mães e estudantes devem me perguntar onde fica o conteúdo do curso nisso tudo. Respondo: fica na sua experiência, no fazer sentido e conectar com a sua realidade e até com o momento. O conteúdo é secundário. O primordial é que você fique bem!
Por Joscimar Souza Silva
Doutorando em Ciência Política – UFMG, Pesquisador Visitante – ITAM, México.
Pesquisador no CEPPI – Centro de Pesquisas em Política e Internet e no Grupo Opinião Pública – UFMG. Membro da Rede de Desenvolvimento de Práticas Educativas – UFMG.
Esta postagem foi publicada em 20 de abril de 2020 15:10
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