O município de Guanambi registrou 155 focos de calor no período de 1º janeiro a 2 de outubro de 2020. Os dados são do programa de apoio a queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), por meio da rede de satélites de monitoramento. Os sistemas são capazes de perceber o aumento do calor na superfície da terra.
O número de focos aumentou quase 100% em relação ao mesmo período de 2019. A quantidade é bem maior do que a registrada no mesmo período do ano anterior, quando foram detectados 79 focos no território guanambiense. Vale ressaltar que um mesmo incêndio pode gerar vários focos de calor, dependendo de sua dimensão.
No período de março a abril de 2020 não houve registros de focos de calor. Já os meses de agosto e setembro contribuíram de forma significativa para o número elevado de queimadas no município – somados os dois meses, equivale a um total de 110 focos.
O início do mês de outubro vem indicando que no período pode ocorrer muitos incêndios. Já no primeiro dia uma queimada resultou no surgimento de 11 focos.
A Agência Sertão teve acesso a uma quantidade expressiva de queimadas, sobretudo nos últimos dias do mês de setembro. As queimadas na zona rural e em terrenos baldios foram recorrentes nesse período em Guanambi.
No dia 24, um incêndio consumiu cerca de 20 hectares de pastagem na zona rural do município. Um dia antes, no dia 23, vários incêndios foram registrados em lotes e áreas de vegetação. No dia 27 de setembro, mais dois incêndios de grandes proporções foram registrados em fazendas na zona rural, consumindo mais de 150 hectares de vegetação.
Clima nesse período
O tempo quente e seco característico desta época do ano contribui para o surgimento de grandes queimadas. No final de setembro, o município registrou altas temperaturas e a umidade relativa do ar chegou a níveis críticos.
Além disso, a vegetação seca devido há mais de 160 dias sem chuva significativa, deixa o período mais propício a grandes queimadas. Embora as chuvas expressivas do início do ano tenham retardado a seca por mais tempo em 2020.
O início do mês de outubro não tem sido diferente. Nesta quinta-feira (1º), mais dois incêndios foram controlados pela brigada de incêndio da Superintendência Municipal de Trânsito (Smtran), na zona rural do município. Os dados de monitoramento apontam que a área queimada pode ter passado de 100 hectares.
Só nesse incêndio, foram detectados 11 focos pelos sistemas de satélites. Há focos distantes mais de dois quilômetros um dos outros.
De acordo com as imagens de monitoramento e com relato dos brigadistas, todos os incêndios ocorridos em Guanambi nos último 30 dias podem ter destruído mais de 500 hectares de vegetação. Com a ausência de um agrupamento do Corpo de Bombeiros para atender ocorrências do tipo na região, agentes de trânsito, que formam a brigada voluntária, têm sido os responsáveis pelo controle da maioria destes incêndios.
Focos de calor na Bahia
Em todo o Estado houve redução do número de focos em relação ao mesmo período do ano anterior, quando 87.541 focos foram registrados. Este ano até agora, a Bahia registrou 72.797 focos de calor.
Apesar da frequência constante de novos incêndios, Guanambi está longe de ser o município com mais registros de focos de incêndio no Estado. Municípios da Região Oeste estão no topo da lista. Em Formosa do Rio Preto são 6.851 focos até o momento, em Jaborandi são 4.063 e em São Desiderio 3.783. No Sudoeste Baiano, Vitória da Conquista lidera a lista, com 511 focos, contra 494 de Carinhanha, 444 de Brumado e 341 de Serra do Ramalho.
Incêndios na região
A região de Guanambi também tem registrado grandes incêndios. No dia 29 de setembro, um incêndio de grandes proporções atingiu a vegetação no morro onde está o monumento do Cristo, em Palmas de Monte Alto. Dois técnicos em telecomunicações ficaram feridos.
De acordo com imagens dos satélites de monitoramento, a área queimada pode chegar próxima a 200 hectares de vegetação nativa da caatinga. Os primeiro focos foram captados pelos satélites pouco depois de meio dia.
Imagens de satélite registraram dois incêndios, no dia 27 de setembro – um próximo à divisa com Candiba, e outro às margens da BA-573 (estrada de Matina). Juntos resultaram na destruição de cerca de 100 hectares.
Além disso, um incêndio de grandes proporções consumiu uma área de vegetação próximo à cidade de Caetité, no dia 20 de setembro.