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Polêmicas contemporâneas: Fome e (in)segurança alimentar na pauta e na mesa dos brasileiros

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A insegurança alimentar está em um patamar bem pior no Brasil que o de 2004, ano em que foi feito pelo IBGE o primeiro estudo nacional sobre a condição da segurança alimentar e nutricional do país. Na ocasião, 36% dos domicílios apresentavam níveis de inseguridade nutricional. Em dezembro de 2020, a pesquisa desenvolvida pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, revelou que o percentual de insegurança saltou para 56%, ou seja, mais da metade dos lares brasileiros possuem certo grau de risco nutritivo.

Para a professora da Escola de Nutrição da UFBA, Sandra Maria dos Santos, que é vice-coordenadora da Rede de Pesquisa que realizou o estudo, foi a partir de um conjunto de políticas sociais e econômicas que se modificou o cenário da fome em anos anteriores no Brasil. “Em 2009, 69,6% dos domicílios brasileiros estavam em situação de segurança alimentar. Em 2013, com o acúmulo dessas políticas chegamos ao percentual de 77%”, argumenta.

Ela acrescenta que é importante refletir que a atual situação não foi causada especialmente pela pandemia, mas que a promoção do cenário de fome vem sendo construída fortemente no Brasil a partir dos anos 2015/2016. “Estudos realizados em 2017 já apontavam a queda na segurança e o aumento da insegurança alimentar. A pandemia veio  ampliar e dar maior visibilidade a essa situação”, explica.

O Padre Alfredo Dorea, ativista comunitário em Salvador, atua na Instituição Beneficente Conceição Macedo (IBCM) e relata que as doações reduziram significativamente neste período. “Tivemos uma queda de mais de 60% de ofertas. Eventualmente surge algum doador, mas é digno de sublinhar que a solidariedade, a generosidade das pessoas tem crescido”, comenta.

Segundo Silvana Oliveira, pesquisadora na Escola de Nutrição da UFBA, a fome na verdade é uma mazela que só está presente hoje no contexto pandêmico porque já existia antes no interior da sociedade, com origem no período da colonização e se estendendo ao longo dos anos por opções políticas.

“O direito à alimentação não era garantido antes, não está sendo garantido agora e sem ações também não será garantido no futuro. As políticas de enfrentamento da fome devem ser valorizadas, porque sem comida simplesmente não tem vida”, defende.

Na próxima segunda, 17/05, às 19 horas, ocorrerá o debate “Fome e (in)segurança alimentar no Brasil” do projeto Polêmicas Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Além dos citados, participarão Márcio Lima, da Central Única das Favelas (CUFA-BA) e Sérgio Storch, ativista social.

Ofertada desde 2003, Polêmicas Contemporâneas é uma disciplina-evento regular  do Departamento de Educação II, da Faculdade de Educação, da Universidade Federal da Bahia e coordenada pelo professor Nelson Pretto.

A transmissão é aberta e livre. Para mais informações acesse: www.polemicas.faced.ufba.br/.

Fabio de Souza, projeto Sê Livre/UFBA, estudante de Comunicação da FACOM/UFBA.

*Este texto faz parte do projeto “Polêmicas contemporâneas”, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Ufba). A Agência Sertão atua como veículo parceiro na divulgação dos conteúdos.

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