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Professor da Uesb conquistou primeiro lugar em Prêmio do CNPq

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Como Ciência e Arte podem se unir para compartilhar conhecimento? Pensando na fotografia como importante ferramenta da divulgação científica, o professor do Departamento de Ciências Exatas e Naturais (DCEN) da Uesb, Pedro Rizzato, participou da 10ª edição do Prêmio Fotografia-Ciência & Arte, promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Com a imagem “Cara de poucos amigos”, o professor da Uesb conquistou o primeiro lugar na categoria de imagens produzidas por instrumentos especiais.

“Sempre gostei muito da ideia do Prêmio de valorizar esse casamento entre Ciência e Arte, que nada mais são do que formas diferentes, mas muitas vezes relacionadas, de expressar o conhecimento humano”, comenta o professor e pesquisador. Para ele, a iniciativa é um meio de despertar o interesse das pessoas para a ciência, por meio do apelo artístico.

O docente conta que o gosto pela fotografia, ilustração e arte de forma geral já fazia parte da sua vida. “Aprendi a desenhar com meu pai, comecei a me interessar por fotografia mais tarde e, depois, com o passar do tempo, fui fazendo cursos, desenvolvendo habilidades, aprendendo outras técnicas”, revela. Quando se tornou pesquisador, o caminho natural foi unir os dois campos. “Como minhas pesquisas envolvem anatomia, a gente sempre precisa recorrer a formas de representar o que observamos, para que outras pessoas possam compreender nossas observações – isso é algo extremamente importante em Ciência”, defende o cientista.

A história por trás da imagem – A foto com o título “Anatomia do crânio de <Amia Calvia> em vista frontal – Cara de poucos amigos” faz parte de um projeto de pesquisa desenvolvido pelo professor Pedro Rizzato durante o pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP). “Nessa pesquisa, estudei um sistema sensorial que está presente apenas em peixes e alguns anfíbios aquáticos, chamado sistema da linha lateral”, explica. Segundo o pesquisador, o sistema permite que os animais sintam movimentos na água, para se orientar no ambiente, buscar suas presas, fugir de predadores e se agrupar em cardumes.

“Mas esse sistema é formado por órgãos muito pequenos, na maior parte das vezes, invisíveis a olho nu, e eles geralmente estão localizados em canais que atravessam os ossos da cabeça dos peixes”, complementa o professor. O estudo, com o objetivo de descrever e comparar esse sistema em diferentes grupos de peixes, contou com uma dificuldade, que resultou na imagem premiada.

“Eu precisava estudar a anatomia interna desses animais em detalhes. Uma forma é dissecando exemplares dos peixes guardados em coleções científicas, mas isso envolve danificar os exemplares e alguns deles eram bastante raros”, conta o pesquisador. “Nós escolhemos então um outro caminho, que é utilizar a tecnologia: nesse caso, um equipamento de tomografia computadorizada, conhecido como CT-scan”, continua.

Assim, com o equipamento foi possível “escanear” o exemplar e reconstruir um modelo virtual da sua anatomia em três dimensões, permitindo que a análise dos modelos fosse realizada por programas de computador. “A imagem mostra, na verdade, esse modelo 3D do crânio do peixe, visto de frente, como se o peixe estivesse nos encarando”, descreve o professor. Ele lembra que a alternativa possibilita que qualquer pesquisador, que tenha os programas instalados, possa utilizar o modelo.

Desafios da divulgação científica – “É importante destacar que a gente nunca aprende sozinho. Embora tenha muito de dedicação pessoal, é muito importante ter colegas que também conhecem essas técnicas e podem compartilhar o que sabem, pra todo muito ir se aperfeiçoando e a Ciência, como um todo, se beneficiar desse aperfeiçoamento coletivo”, reflete o pesquisador. Para ele, a relevância da premiação passa também pelo esforço de pensar novas formas de comunicar o conhecimento científico.

“Numa época em que somos bombardeados diariamente com tanta informação, saber passá-la de maneira eficiente e, preferencialmente, artística é realmente um grande diferencial”, pontua. Nesse desafio, somam-se outros obstáculos, próprios da realidade nacional. “É importante ajudar a mostrar pra população brasileira a altíssima qualidade da pesquisa que é desenvolvida no Brasil, principalmente em instituições de pesquisa e universidades públicas. Muitas vezes, é difícil para pesquisadores encontrar espaços onde mostrar sua pesquisa e a importância dela para a sociedade”, lembra o docente premiado.

Ele destaca, então, que eventos como o Prêmio Fotografia-Ciência & Arte ajudam a mostrar boas pesquisas, resultado do esforço de pesquisadores que, nem sempre, trabalham nas melhores condições, por conta dos baixos recursos e investimentos. “Se nessas condições, somos capazes de produzir conhecimento e ciência de tão alto nível, o que não poderíamos fazer se tivéssemos mais recursos? E o quanto que a sociedade brasileira não teria a ganhar com isso?”, analisa o pesquisador.

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