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Meses após cheia histórica, ribeirinhos e peixes do rio São Francisco sofrem com variações bruscas de vazão de hidroelétricas

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As variações bruscas de vazão nas hidroelétricas do Submédio São São Francisco estão afetando a fauna e a flora aquática no trecho conhecido com Baixo São Francisco, que vai Hidroelétrica de Xingo até a foz, nos Estados de Alagoas e Sergipe. Além disso, as inconstâncias afetam o modo de vida da população ribeirinha.

O caso foi repercutido após reportagem publicada, neste domingo (21), pelo colunista Carlos Madeiro da UOL. A mudança constante na paisagem ocorre após um início de ano de cheia histórica no Velho Chico.

Para se ter uma ideia, de acordo com dados divulgados pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) e da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), a vazão média de Xingo chegou a 2.585 metros cúbicos por segundo (m³/s) no último dia 11.

Já no dia 14, o volume foi reduzido para a média de 1.087 m³/s, chegando em alguns momentos 677 m³/s. Em alguns momentos, a vazão fica inferior a mínimo de 1.100 m³/s definido pela ANA. Este ano, em pelo menos 25 dias, o índice mínimo não foi atingido de acordo com levantamento da reportagem,

Na última quinta-feira (18), a vazão voltou ao patamar de 2.600 m³/s e neste domingo (21) reduziu novamente para 1.355 m³/s.

O problema disso, na visão de especialistas, é que as variações intensas prejudicam fauna e flora, além de afetar atividades econômicas —como a pesca e a navegação. A reportagem recebeu fotos e vídeos de peixes mortos e de marcas que indicam reduções bruscas da vazão dos rios, que criam pequenos lagos em regiões que antes eram rio.

Um grupo de pesquisadores e pessoas afetadas escreveu uma carta aberta endereçada ao MPF (Ministério Público Federal) para que sejam tomadas providências para frear as mudanças de vazão.

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CHBSF) afirmou que vai cobrar do Operador Nacional do Sistema (ONS) o fim das mudanças bruscas.

Em nota enviada, o ONS diz que “é sensível às necessidades da população” e que “segue todos os requisitos legais relacionados aos usos múltiplos das águas e ambientais vigentes”, estabelecidos em regulamentações.

“Para esta usina, com o objetivo de reduzir oscilações de aumento do fluxo de água, visando minimizar impacto nas margens do rio, são consideradas taxas máximas de variação diária e horária”, diz, sem citar valores.

Ainda segundo o operador, “diante deste cenário, o ONS costuma calibrar o uso dos recursos energéticos existentes de maneira a manter o equilíbrio do Sistema Interligado Nacional (SIN) e usar de forma otimizada a energia gerada”.

O ONS ainda diz que a prática não é adotada “apenas neste empreendimento, mas é um cuidado que é tomado independentemente da fonte usada”. Já a ANA se limitou a dizer que as variações de vazão estão de acordo com a resolução da agência e não fez qualquer menção às mudanças abruptas de valores.

A Chesf não respondeu aos questionamentos feitos pela coluna. Na semana passada, a estatal anunciou as mudanças nas vazões de Sobradinho e Xingu, no entanto, os níveis registrados foram diferentes dos programados.

A companhia disse que a programação foi definida ONS para atender a necessidade do Sistema Interligado Nacional (SIN) em função da otimização energética envolvendo as diversas regiões do País.

Foi ressaltado ressaltando ainda que a operação é permanentemente avaliada, podendo haver alterações nestes valores em função, tanto da necessidade de controle de níveis dos reservatórios, quanto do processo de otimização energética envolvendo as diversas regiões do País, coordenado pelo ONS.

A Chesf lembrou ainda que é fundamental chamar a atenção para a importância da não ocupação de áreas ribeirinhas situadas na calha principal do rio, haja vista que em condições emergenciais, a exemplo da necessidade de maximização de geração para atendimento ao SIN, as usinas de Sobradinho e Xingó têm capacidade de turbinar valores da ordem de 4.200 m³/s e 3.000 m³/s, respectivamente.

Na ocasião, a Chesf afirmou também que alterações nas vazões serão comunicadas aos ribeirinhos e defesas civis por meio de mensagem SMS.

Três Marias e Sobradinho

A Hidroelétrica de Três Maias, em Minas Gerais, opera atualmente com 71,7% de sua capacidade, com vazão turbinada de 449 m³/s. Já a Hidroelétrica de Sobradinho está atualmente com 76% de seu volume útil e com defluência de 1.313 m³/s. Já Itaparica tem 96% de volume.

Três Marias chegou muito próximo de sua capacidade máxima entre fevereiro e março. Já Sobradinho atingiu 100% de capacidade no início de abril.

https://agenciasertao.com.br/2022/04/02/apos-maior-cheia-do-rio-sao-francisco-em-decadas-hidroeletrica-de-sobradinho-atinge-100-da-capacidade/

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