Muitas famílias foram afetadas e agora estão sofrendo o luto causado pela violência no trânsito das rodovias e estradas da Região de Guanambi. Entre a última sexta-feira (31) e esta segunda-feira (3), foram seis acidentes com oito vítimas fatais e quatro pessoas ficaram feridas, incluindo uma criança de um ano, que sofreu uma fratura no pé, e seu irmão, de sete anos, que foi transferido para Vitória da Conquista em estado greve.
Eles perderam o pai e a mãe, de 32 e 30 anos, em um acidente ocorrido na noite deste domingo (3), na BR-030, em Palmas de Monte Alto, quando também morreu um jovem de 28 anos. Outras duas pessoas sofreram ferimentos leves.
Em Candiba, Pindaí e Sebastião Laranjeiras três adolescentes, de 15, 16 e 18, se acidentaram e morreram. Dois deles capotaram automóveis, na BR-122, entre Candiba e Pindaí, e na BA-612, entre Candiba e o Distrito de Pilões, em Guanambi, e o outro caiu de moto em uma estrada vicinal no distrito de Sebastião Laranjeiras.
Em Caetité, um jovem de 28 anos também caiu de moto na BR-030 e também não resistiu. Por fim, nesta segunda-feira (3), uma jovem de 19 morreu após a moto que conduzia ser atingida por um automóvel na BA-573, próximo à cidade de Matina.
Cada acidente teve sua causa específica e as investigações devem concluir as circunstâncias em que ocorreram, bem como as eventuais responsabilidades. No entanto, na visão de um profissional de segurança pública ouvido pela reportagem que pediu para não ser identificado por conta de seu vínculo com o serviço público, além da tristeza das familiares e dos amigos, as tragédias, cada uma delas de sua forma, foram marcados por um ou mais indícios de imprudência ou imperícia, agravados pela falta de fiscalização de trânsito e a sinalização precária das rodovias.
Cortada por três rodovias federais (BR-122, BR-030 e BR-430 entre Caetité e Bom Jesus da Lapa) e várias estaduais, a Região de Guanambi faz divisas com o Estado de Minas Gerais. Mesmo assim, estas estradas ficam a maior parte do tempo sem nenhum tipo de fiscalização policial rodoviária, seja para garantir segurança no trânsito ou para coibir transporte de materiais ilícitos entrando e saindo destes estados.
A unidade mais próxima da Polícia Rodoviária Federal (PRF) fica em Vitória da Conquista, a 280 quilômetros, e da Polícia Rodoviária Estadual em Brumado, a 140 quilômetros. As duas corporações fazem apenas ações esporádicas nas rodovias federais que passam por Guanambi e demais cidades da região, já que não possuem bases operacionais.
Em relação às vias urbanas e estradas vicinais, também falta estrutura e pessoal para atuar nas poucas cidades que contam com atuação de agentes para organizar o trânsito.
Na avaliação do profissional ouvido, uma fiscalização eficiente tornaria o trânsito na região mais seguro, coibindo infrações como ultrapassagens proibidas, velocidade excessiva e direção após consumo de bebida alcóolica, além de desestimular que adolescentes e pessoas inabilitadas, que muitas vezes desconhecem as regras do trânsito, coloquem suas vidas e de terceiros em risco.
Ele avaliou como precária a situação das estradas, tanto federais como estaduais, sobre o ponto de vista da sinalização. Em muitos locais o acostamento praticamente não existe e a sinalização horizontal está inadequada em praticamente todas as vias da região. Em muitos trechos, o mato está tomando conta das margens, atrapalhando a visão dos motoristas.
“São sucessivas falhas. Trânsito é fiscalização, engenharia e educação. Está faltando tudo, não tem fiscalização, porque não tem a PRF nem a PRE. A engenharia também não está eficiente, pois não tem placas de advertência, sinalização horizontal e nem radares de velocidade. Além disso, muitos motoristas ainda não têm uma cultura de respeito às leis de trânsito, o que agrava a situação”, comentou
Concluindo, ele avaliou que o momento exige uma ação conjunta dos órgãos responsáveis, como o Departamento de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Secretaria de Infraestrutura da Bahia (Seinfra-BA), para melhorar a sinalização das estradas e garantir uma fiscalização eficiente. Além disso, é importante investir em campanhas educativas que conscientizem os motoristas sobre a importância de respeitar as leis de trânsito e adotar comportamentos mais seguros ao volante.