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Barreiras é eleita melhor cidade para agronegócios

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A Barreiras foi eleita a melhor cidade para fazer negócios na agropecuária, segundo ranking da consultoria Urban Systems, publicado nesta quinta-feira (7). O município teve alta de 36% na exportação de produtos agropecuários neste ano.

De acordo com informações do site Exame, outro fator que contribuiu para a expansão da cidade e que há uma parcela maior de trabalhadores do agronegócio que ganham acima de cinco salários mínimos, na comparação com outros municípios.

Com 159 mil habitantes, a cidade viveu um avanço significativo nos últimos anos e se consolidou como “capital do Oeste”, onde fazendeiros da região gastam parte de seus ganhos. “Praticamente todos os pecuaristas da região moram em Barreiras, apesar de as atividades deles ficarem nos municípios próximos”, diz Davi Schmidt, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Barreiras.

O mercado imobiliário também vive um momento de alta. “Houve uma grande migração do pessoal do Sul para o Oeste da Bahia a partir dos anos 1980, e hoje os filhos deles estão na idade entre 25 e 40 anos. Estamos produzindo imóveis para essa segunda geração de produtores”, conta Henrique Leão, CEO da construtora Solare, que movimenta atualmente 500 milhões de reais em Volume Geral de Vendas (VGV).

Outra vantagem de Barreiras é a logística. Além de ter o único aeroporto comercial da região, a cidade é também um entroncamento de três rodovias federais e duas estaduais. Nos últimos anos, o avanço foi sentido literalmente nas ruas: o total de vias asfaltadas superou 200 km e está perto dos 100% da malha urbana. Houve também melhorias como a inauguração de novas escolas e hospitais, pagas com o aumento da arrecadação de impostos e uma melhor gestão.

“Tínhamos uma inadimplência de 70% do IPTU, e hoje é de 15%. As pessoas passaram a pagar os impostos porque viram que estavam tendo retorno. E a atração de empresas aumentou a arrecadação com ICMS e ISS”, diz Zito Barbosa, prefeito de Barreiras, que assumiu a cidade em 2017 e está no segundo mandato.

O avanço agrícola na região começou a partir dos anos 1980, quando novas tecnologias favoreceram as plantações no Oeste da Bahia. Luiz Carlos Bergamaschi, presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), foi um dos pioneiros. Ele veio de Santa Catarina com o pai, em 1988, e conta que a região, por ser plana, favoreceu a adoção da mecanização.

O avanço de novas técnicas, como usar mais calcário para corrigir a acidez do solo, fizeram a produção deslanchar a partir dos anos 1990, com soja e algodão. Hoje, a região também tem muitos negócios envolvendo pecuária, feijão, café e cacau.

No entanto, não foi um processo fácil. “Muitos dos produtores vieram, mas nem todos prosperaram. O clima tem irregularidade. As pessoas que ficaram se adaptaram à tecnologia, à natureza e ao clima. E os filhos dessas pessoas vivenciaram isso, foram estudar e estão retornando. Eles têm o legado dos pais, mas agora são mais bem qualificados”, diz Bergamaschi ao site.

Muitas vezes, a capacitação é feita ali mesmo. Um dos avanços foi a expansão das universidades locais, como a criação da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), em 2013, e um campus da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), que oferecem cursos variados, como engenharia agronômica, direito e medicina. As universidades buscam se aproximar dos produtores para criar um ecossistema de inovação.

“Aluno nosso já tem startup. Nosso projeto aqui na universidade é impulsionar um parque tecnológico. Temos profissionais altamente qualificados, mas quem determina para onde vai a tecnologia é o setor produtivo”, diz Erick Cajavilca, superintendente de Inovação da Ufob.

Ele recebeu a reportagem em um laboratório que reúne vários modelos de impressoras 3D, onde alunos desenvolvem projetos como tentar criar um tipo de embalagem que preserve melhor as frutas durante o transporte. As mesas e cadeiras dali foram compradas com dinheiro de um fundo mantido pelos produtores locais, que se beneficiam de avanços técnicos como a melhora na irrigação.

“Há 15 anos, você tinha um pivô que jogava água a quatro metros de altura do solo, e perdia metade da água por evaporação antes de chegar ao solo. Hoje temos pivôs bem mais eficientes, técnicas de tratamento do solo e de sementes que fazem a região ser altamente produtiva”, diz Cavajilca.

Para o futuro, a região caminha em duas direções. Uma delas é o avanço de indústrias ligadas ao agro, como a produção de fios de algodão e de laticínios, embora o suprimento de energia deixe a desejar. “Quando a gente tiver uma malha de energia de qualidade, a explosão do segundo setor, da indústria, aí ninguém segura”, afirma Odacil Ranzi, presidente da Aiba (Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia).

Outra expectativa é a chegada da ferrovia Fiol, que conectará Barreiras ao porto de Ilhéus e à ferrovia Norte-Sul, em Tocantins, abrindo novos caminhos para escoar a produção. O trecho 1 da Fiol foi leiloado em 2021, e a parte 2, que chegará a Barreiras, ainda não tem data prevista para a concessão.

Daqui a alguns anos, os empresários da área poderão frequentar terminais modernos para ver a produção embarcar. Mas, enquanto isso, não param para esperar: grupos de fazendeiros se uniram para asfaltar estradas vicinais, com os custos rateados entre eles e, na falta de um aeroporto melhor, vão tocando seus negócios na sombra das árvores antes do próximo voo decolar.

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