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Balanço do Inmet mostra como El Niño afetou todas as regiões do Brasil

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Nesta quinta-feira, 25 de abril, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou um balanço dos efeitos do El Niño no Brasil, analisando as condições climáticas observadas em 2023 e nos três primeiros meses de 2024.

O fenômeno se caracteriza pelo aquecimento anormal e persistente da superfície do Oceano Pacífico na linha do Equador e teve diferentes impactos nas cinco regiões do Brasil.

De acordo com o órgão, de modo geral, no decorrer de 2023, os acumulados de chuva ficaram próximos ou abaixo da média em grande parte das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, conforme mostram os tons em cinza, amarelo e laranja do mapa abaixo.

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Anomalia de precipitação (chuva), em milímetros (mm), no ano de 2023 – Fonte: Inmet

O maior déficit de chuva foi observado em Mato Grosso. Em São Vicente, o total de chuva foi de apenas 313 milímetros (mm), sendo que a média histórica da cidade é de 1.833 mm, ou seja, 1.520 mm abaixo da climatologia, indicada pelos tons em laranja. No município de Matupá, no mesmo estado, choveu 760 mm em 2023. Esse acumulado é muito inferior a média de 2.062 e resulta em desvio negativo de 1.302 mm.

Assim como em Mato Grosso, a Região Norte também sofreu com a escassez de chuva no ano de 2023. A estação meteorológica do Inmet de São Félix do Xingu, no Pará, registrou um volume total de 890 mm, quando a média histórica é de 1.985 mm.

Por outro lado, os maiores volumes de chuva foram observados principalmente no Rio Grande do Sul, com acumulados que superaram os 2.000 mm no ano. O destaque ficou para o município de Passo Fundo, onde foi registrado um volume total de 2.840 mm, o que corresponde a 922 mm acima da média histórica anual.

Temperaturas em 2023

Anomalia de temperatura média do ar (°C) no ano de 2023.

O El Niño também impactou nas temperaturas, que ficaram acima da média em grande parte do País. As maiores médias foram registradas nas estações meteorológicas do Inmet localizadas na Região Nordeste, como em Guaramiranga (CE) e Triunfo (PE), ambas com 26ºC e desvios acima de 4,0ºC.

Ao longo do ano, as regiões Centro-Oeste e Sudeste também apresentaram temperaturas elevadas. Em São Vicente (MT), a temperatura média foi de 27,0ºC, o que corresponde a 3,5ºC acima da média histórica, que é de 23,5ºC. Na Região Sul, o município de Campo Mourão, no estado do Paraná, apresentou temperatura de 2,1ºC acima da média.

As condições climáticas observadas em 2023, como chuva acima da média na Região Sul e parte sul de Mato Grosso do Sul e de São Paulo, em contraste com a chuva abaixo da média em parte das regiões Norte e Nordeste e ainda a elevação da temperatura em grande parte do Brasil, são características típicas da atuação do El Niño, que chegou a atingir a categoria de intensidade forte.

Contudo, essas características começaram a ser observadas a partir de julho/2023, quando as condições climáticas mais pronunciadas marcaram o período, como inverno atípico, com poucas entradas de massa de ar, cheias no sul do Brasil a partir de setembro, seca na parte norte do País, primavera com atraso na chuva para a parte central do Brasil, início do verão (dezembro) com pouca chuva e sem atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), além das ondas de calor registradas em algumas regiões.

Um dos setores mais afetados em relação ao clima pelos efeitos do fenômeno El Niño foi a agricultura. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o ano de 2023 teve uma influência negativa do clima sobre as culturas de verão, com uma quebra de 25,7 milhões de toneladas, desde o início do plantio até as fases de desenvolvimento das lavouras nas regiões produtoras do Brasil.

Áreas dos estados que compõem o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), Centro-Oeste e parte do Sudeste foram afetadas pela falta de chuva e altas temperaturas, enquanto o excesso de chuva na Região Sul gerou um atraso no plantio, principalmente da soja.

Condições climáticas observadas na primavera/2023 e verão 2023/2024

Anomalia precipitação Nordeste
Anomalia de precipitação (chuva), em milímetros (mm), durante o trimestre (a) outubro-novembro-dezembro/2023 e (b) janeiro-fevereiro-março/2024.

Ao comparar a primavera de 2023 com o verão 2023/2024, é possível observar que os impactos do El Niño foram mais evidentes na primeira estação, pois a chuva no Sul foi mais intensa, conforme tons de azul no primeiro mapa acima, assim como a escassez de chuva no centro-norte durante a primavera, indicado no tons de laranja.

Na Região Nordeste, predominaram áreas com chuva abaixo da média na primavera. Contudo, a temperatura acima da média no Oceano Atlântico Tropical, influenciando no posicionamento e na intensidade da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), favoreceu a chuva acima da média na região, se sobrepondo aos efeitos do El Niño que seriam tipicamente de baixa precipitação no Nordeste.

No verão 2023/2024, foi observado o retorno da chuva na Região Nordeste e parte da Região Sudeste, indicado nos tons em azul, enquanto em parte da Região Sul, foi notada uma redução da chuva, indicado pela cor laranja.

Já nos primeiros três meses de 2024, em áreas das Regiões Norte, Centro-Oeste e em parte dos estados de São Paulo e Paraná foi observada chuva abaixo da média. Entretanto, a combinação de sistemas meteorológicos como frentes frias e baixas pressões provocaram chuva em parte das regiões Sul e Sudeste, principalmente no norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Comparativo de temperaturas

Anomalia de temperatura média do ar (ºC) durante o trimestre (a) outubro-novembro-dezembro/2023 e (b) janeiro-fevereiro-março 2024.

Sobre a temperatura média do ar, o observado pelo Inmet é calor em grande parte do País nos últimos seis meses, ainda por reflexo dos impactos do fenômeno El Niño, que tende a elevar a temperatura em várias regiões do Brasil.

Entretanto, ao comparar as duas estações, é possível notar que, na primavera, as temperaturas foram bem maiores e acima da média em relação ao verão, principalmente na parte central e norte do Brasil, indicados nos tons de laranja da figura acima.

Sobre o El Niño

O El Niño, normalmente, começa a se formar no segundo semestre do ano. Em sua atuação, as águas da superfície do Oceano Pacífico Equatorial ficam, pelo menos, 0,5°C acima da média por um longo período de tempo de, no mínimo, seis meses. O fenômeno não tem um período de duração definido, podendo persistir até dois anos ou mais.

Em dezembro/2023, foi registrado o maior valor de aumento da temperatura do fenômeno: 2,0ºC acima da média, fazendo com que o El Niño chegasse a sua maior intensidade.

Contudo, entre os meses de fevereiro e março de 2024, essa temperatura vem decaindo de 1,5ºC para 1,2ºC acima da média, o que indica o enfraquecimento do El Niño, mesmo ainda permanecendo na categoria moderada.

A previsão indica que, no mês de abril, o El Niño deva atingir a categoria fraca e, posteriormente, iniciar o período de neutralidade, entre os meses de maio e junho.

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