O prefeito de Riacho de Santana, João Vitor Laranjeira (PSD), foi afastado do cargo nesta quinta-feira, 16 de outubro, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
A medida foi cumprida durante a sétima fase da Operação Overclean, que investiga uma organização criminosa suspeita de fraudes em licitações, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro.
João Vitor estava em Salvador e foi conduzido à sede da Polícia Federal para prestar depoimento. Segundo a TV Bahia, o prefeito não quis gravar entrevista ao sair do prédio. Ele segue afastado do cargo por determinação judicial.
A reportagem da Agência Sertão solicitou um posicionamento do prefeito e da Prefeitura de Riacho de Santana sobre o caso, no entanto, ainda não obteve resposta.
Na mesma operação, o prefeito de Wenceslau Guimarães, município do baixo sul da Bahia, Gabriel de Parisio (MDB), foi preso por posse ilegal de arma de fogo.
De acordo com a Polícia Federal (PF), a ação tem como objetivo desarticular a organização criminosa e contou com apoio da Receita Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU).
Além do afastamento e da prisão, foram cumpridos mandados de busca e apreensão, bem como bloqueio e sequestro de bens e valores ligados aos investigados.
As ações ocorreram em municípios baianos como Salvador, Riacho de Santana e Wenceslau Guimarães, além de Arraial do Cabo, no estado do Rio de Janeiro.
A sétima fase da Overclean acontece dois dias após o deputado federal Dal Barreto (União Brasil) ter sido alvo da sexta fase da operação, na última terça-feira (14). O parlamentar foi interceptado por agentes da PF no Aeroporto Internacional de Salvador e teve o celular apreendido.
Embora a Polícia Federal não tenha divulgado oficialmente as suspeitas contra ele, a TV Bahia apurou que o caso está relacionado a um possível envolvimento com investigados das fases anteriores da operação.
Os investigados poderão responder por organização criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos administrativos, além de lavagem de dinheiro.
A Operação Overclean segue em andamento, com o objetivo de aprofundar as investigações e identificar a extensão do esquema criminoso.
Histórico de escândalos em Riacho de Santana
Esta não é a primeira vez que Riacho de Santana é citada em investigações da Polícia Federal. Há nove anos, o município foi alvo da Operação Imperador, deflagrada em 5 de novembro de 2015, quando a PF cumpriu três mandados de prisão preventiva, 11 de busca e apreensão e cinco medidas cautelares nas cidades de Guanambi, Tanque Novo e Riacho de Santana, na região sudoeste da Bahia.
A Operação Imperador teve como alvos membros da administração pública municipal, incluindo o então prefeito Tito Eugênio Cardoso de Castro, hoje vice-prefeito, o chefe de gabinete e um vereador.
A investigação, instaurada em 2014, apurou fraudes em contratos de transporte escolar firmados entre a prefeitura e empresas constituídas em nome de laranjas.
Na época, a prefeitura informou que a maioria dos setores da administração municipal suspendeu as atividades durante as investigações, mantendo apenas a recepção e a tesouraria em funcionamento.
Segundo a PF, o esquema funcionou entre 2009 e 2015, beneficiando parentes, pessoas próximas e o próprio prefeito, além de empresários e um contador ligados à organização.
O nome “Operação Imperador” fez referência ao principal investigado, o então prefeito, cujo nome é inspirado em dois imperadores romanos.
Retorno de Tito ao comando do município
Atualmente, Tito Eugênio é vice-prefeito de Riacho de Santana e assume novamente o comando da prefeitura após o afastamento de João Vitor.
João Vitor Laranjeira é seu sucessor político: em 2024, Tito renunciou ao cargo, e João Vitor passou a ocupar a prefeitura.
Nas eleições municipais de 2024, a chapa João Vitor e Tito venceu o pleito, consolidando a aliança política entre ambos.
