27.3 C
Guanambi
19.6 C
Vitória da Conquista

Prefeitura de Guanambi doou parte de terreno do Hospital Municipal para construção de igreja

Mais Lidas

O início das obras do Hospital Municipal de Guanambi está atrasado há oito meses devido a incompatibilidade do terreno com o projeto arquitetônico. O problema acontece devido a construção de uma igreja evangélica em uma área de 384 m², na parte do terreno destinado à instalação da unidade de saúde, localizado em frente a uma área reservada para um praça, no bairro Ipanema.

A doação foi oficializada em novembro de 2017 por meio de um Projeto de Lei encaminhado pelo poder executivo e aprovado pela Câmara de Vereadores. A Igreja Assembleia de Deus Ministério Guanambi foi a beneficiada com a doação.

Após a publicação da lei, a igreja iniciou imediatamente a construção do imóvel e rapidamente concluiu a edificação, onde atualmente são realizados os cultos da agremiação religiosa. Nos fundos, foi construído uma edificação semelhante a uma residência. As imagens de satélite mostram as alterações no terreno entre 2017 e 2018.

Já o Hospital Municipal, cuja a licitação para contratar a empresa responsável pela obra foi concluída em setembro de 2019, ainda não começou a ser construído. O motivo, segundo a Secretaria de Infraestrutura, é justamente a incompatibilidade do terreno com o projeto.

Por esta razão, a Prefeitura teve que substituir a área por outra próxima ao local inicialmente planejado, provavelmente parte da área reservada para a construção de uma praça. O atraso no início da obra, ainda segundo a secretaria, se dá pelo fato da Caixa Econômica Federal, responsável pela transferência dos recurso, ater demorado a aprovar a mudança do local da construção. As dimensões do terreno ficaram incompatíveis com o projeto após a construção da igreja.

Planta do Hospital e área reservada para a construção, inviabilizada pela construção da igreja

Além da incompatibilidade da área, não costuma ser recomendadas construções de hospitais ao lado de igrejas. Os sons emitidos pelos cultos e demais celebrações podem prejudicar o silêncio imprescindível para as atividades hospitalares. A prefeitura também terá que investir na infraestrutura do bairro, pois as vias de acesso não são pavimentadas.

A intensão de construir uma sede própria para o Hospital Municipal existe bem antes da doação do terreno. Em 2015, o deputado federal Daniel Almeida enviou uma emenda de R$ 2 milhões ao município para essa finalidade. Os recursos estão disponibilizados através de um convênio com o Ministério da Saúde, por meio da Caixa Econômica Federal.

Doações de Terrenos a Igrejas

Desde janeiro de 2017, quando iniciou o mandato do prefeito Jairo Magalhães (PSD), pelo menos oito igrejas evangélicas foram beneficiadas com doação de terrenos públicos que juntos medem quase 5.000 m². Todas as doações foram aprovadas na Câmara de Vereadores.

Uma lei do ano de 2017 também autorizou a doação para Igreja Católica de um terreno de 600 m², localizado Bairro Sandoval Moraes, cuja finalidade seria a construção de uma salão paroquial da Paróquia São Geraldo Majella. A Diocese de Caetité informou à época, após uma ação judicial contrária à doação, que “não houve ato de recebimento de nenhuma doação de terreno da Prefeitura Municipal de Guanambi e que qualquer doação observará como de costume, de maneira rigorosa, a legalidade da mesma, não aceitando nenhuma doação de forma ilícita ou que tenha sua origem na má fé”.

A doação deste terreno do bairro Ipanema e de outro no bairro Santa Catarina resultou em uma Ação Popular, movida pela Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea), em dezembro de 2017. A entidade argumentou que houve violação da laicidade e lesão ao patrimônio público nas doações e pediu que as leis autorizativas fossem revogadas.

A ação tramita na 2ª Vara dos Feitos Civeis de Guanambi que não acatou o pedido de liminar da Atea de revogação das doações. No entanto, o mérito da ação ainda será julgado pela Justiça.

Além de igrejas, a prefeitura também doou terrenos para algumas empresas que solicitaram áreas para expansão de negócios, entidades filantrópicas e para as duas faculdades de medicina da cidade construírem seus centros de saúde.

Hospital Municipal de Guanambi

O Hospital foi planejado dividido em módulos, sendo o primeiro com 30 leitos cirúrgicos, o segundo com 30 leitos obstétricos, podendo ser ampliado para até 100 leitos.

Desde 2 de setembro, a Prefeitura de Guanambi contratou a empresa 7 Brasil Empreendimentos e Participações Ltda – EPP, com sede no município de Eunápolis, para a construção da sede própria do Hospital Municipal.

Única participante da concorrência, a empresa teve seu nome habilitado pela Comissão licitante em agosto de 2019, com a proposta para construção da obra no no valor de R$ 3.633.422,51.

Atualmente, o município não dispõe de um hospital municipal. O atendimento pelo município é feito através da UPA 24 horas e pelo “hospital” que funciona desde junho de 2015, no 2.º andar do antigo Hospital São Lucas para realização de cirurgias eletivas. O custo mensal de locação do imóvel é R$ 43 mil.

Após concluída a obra, a prefeitura irá adquirir todos os equipamentos e materiais permanentes para funcionamento do Hospital.

Em tempos de pandemia do novo Coronavírus, a Prefeitura está criando leitos no prédio da antiga Promater e no Hospital provisório. Embora não haja casos confirmados da doença no município, 40 leitos estão sendo preparando para o atendimento da eventual demanda, incluindo seis leitos de UTI. Um processo seletivo deve ser divulgado em breve para contratação do pessoal que atuará nas duas unidades de saúde.

Notícias Relacionadas

Deixe uma resposta

Últimas