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Primeira aluna surdocega a cursar universidade pública defende seu TCC na Bahia

Janinne Pires Farias apresentou seu TCC no auditório da Uneb de Barreiras, com a presença de gestores, comunidade acadêmica local, familiares e convidados.

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A UNEB deu mais um passo histórico na consolidação de sua política de acessibilidade e inclusão.

Após institucionalizar essa política e criar a Secretaria de Acessibilidade e Inclusão (Sain) no âmbito da gestão universitária neste ano, na tarde de quinta-feira (25) a primeira discente surdocega congênita a cursar uma universidade pública no país fez a defesa do seu trabalho de conclusão de curso (TCC).

Graduanda do curso de Pedagogia, do Departamento de Ciências Humanas (DCH) do Campus IX, em Barreiras, Janinne Pires Farias apresentou seu TCC no auditório da unidade, com a presença de gestores, comunidade acadêmica local, familiares da discente e convidados. O evento foi transmitido ao vivo pelo canal da TV UNEB no YouTube.

Intitulado “Alfabetização e letramento de pessoas surdocegas“, o trabalho de conclusão foi orientado pelas docentes do departamento Débora Cunha e Carla Ribeiro. A banca de avaliação foi composta pelas professoras Aline Matos e Sandra Lousada, também da unidade, contando com a orientação ainda da pesquisadora Shirley Maia, diretora da Associação Educacional para Múltipla Deficiência, sediada em São Paulo.

Janinne agradeceu o apoio das orientadoras, dos guias-intérpretes e de sua família durante todo o curso. “Escolhi esse tema porque eu sou alfabetizada enquanto surdocega e as pessoas perguntam como eu consegui chegar até aqui”, disse Janinne Farias, salientando que quer continuar aprendendo sobre essa temática para “futuramente eu poder orientar famílias que precisem de apoio e professores que queiram aprender mais sobre essa área ainda pouco explorada”.

Com base em seus estudos e na própria experiência, a graduanda defendeu que a surdocegueira não limita a aquisição do conhecimento, “mas ainda falta uma metodologia adequada, um estudo formal, que oriente como alfabetizar e ensinar essas pessoas – e eu quero contribuir para isso”.

A orientadora Débora Cunha lembrou que o ingresso da discente surdocega no curso, desde o início, “foi um desafio para nós docentes e orientadoras, tivemos que estudar e aprender muitas coisas, para construir formas de desenvolver esse trabalho, junto com Janinne”.

“Estamos vivenciando aqui a concretização de um sonho, não apenas de Janinne e sua família, mas de todas e todos nós da universidade. A UNEB e este departamento estão fazendo história aqui, graduando a primeira estudante surdocega congênita”, salientou a orientadora Carla Ribeiro.

Em suas considerações, a docente Aline Matos ressaltou: “Do ponto de vista institucional, eu destaco a preocupação constante da Reitoria, da direção do DCH e do colegiado do curso em promover a inclusão e acessibilidade de modo efetivo nesta universidade, com garantias para a permanência e formação de qualidade, apesar dos percalços q não foram poucos”.

Já a professora Sandra Lousada recomendou que “toda a riqueza de discussões desse TCC saia dos muros deste campus para outros espaços de aprendizagem e ajude a impulsionar a formação docente nessa área”.

A pesquisadora Shirley Maia reforçou que “a gente tenha na Janinne um exemplo de que todo ser humano merece ter oportunidades e que todo mundo aprende, de uma maneira ou de outra”.

Encerrando a atividade acadêmica, o diretor do DCH, Reginaldo Cerqueira, parabenizou todas e todos os envolvidos nesse trabalho – com destaque para as orientadoras e os guias-intérpretes da discente –, convidando Janinne a colaborar na “construção do nosso núcleo de inclusão e acessibilidade, como um legado de seus estudos ao nosso departamento”.

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