Os agricultores da região de Guanambi já estão sofrendo prejuízos decorrentes da escassez de chuvas, mesmo antes do período em que essa situação é mais comum de ocorrer. Com mais de sessenta dias sem chuvas expressivas, o solo já perdeu toda a umidade, e a vegetação apresenta aspecto de seca.
Em algumas regiões, como no distrito de Pilões, no município de Candiba, os volumes de chuva acumulados desde outubro não passam de 450 mm, o que é muito baixo em comparação com a média histórica, que fica em torno de 700 mm. Além da falta de chuvas, as temperaturas têm se elevado frequentemente à casa dos 35ºC, castigando ainda mais a vegetação.
Essas condições têm afetado as atividades agrícolas, principalmente a pecuária. Em alguns lugares, até a dessedentação animal já enfrenta dificuldades, sendo necessário o uso de água de poços artesianos ou cacimbas para suprir o consumo, aumentando os custos com manejo. Além disso, muitas lagoas e açudes que deveriam ter armazenado volumes maiores de água estão com os níveis bem abaixo do esperado.
O cenário de fim do período chuvoso, com pouca possibilidade de reversão do quadro de seca no mês de abril, afeta a comercialização da arroba bovina, que já chega a R$ 200 em algumas localidades. Sem perspectivas de pastagens para atravessar o outono e o inverno, muitos criadores estão tentando vender seus rebanhos, provocando uma queda acentuada no preço. Há pouco mais de um ano, o preço superou R$ 300, o que indica uma desvalorização superior a 30%.
Quem planta culturas como o sorgo para alimentar o gado teve bons resultados de colheita e silos cheios, desde que tenha antecipado o plantio para outubro ou início de novembro. Isso porque as chuvas foram mais regulares até o fim de janeiro, tempo suficiente para o desenvolvimento das lavouras. Já quem atrasou o plantio sofreu perdas consideráveis.
Previsões indicam a possibilidade de ocorrência de novas chuvas a partir da segunda semana de abril. No entanto, os volumes esperados não são superiores a 30 mm, e alguns modelos meteorológicos apontam que pode nem chover na região até o fim da primeira quinzena.
Veja a previsão para os próximos dez dias
Muitos temporais em Guanambi
Na cidade de Guanambi, o fim da primavera e início do verão foi marcado por muitos temporais. O pluviômetro da Agência Sertão, localizado no Centro da cidade, registrou precipitação acumulada de 829 milímetros até 27 de janeiro, quando choveu pela última vez.
Apesar da situação de estiagem ser a mesma, a diferença no acumulado é bastante expressiva em relação a áreas da própria zona rural do município, que tiveram volumes acumulados menores antes de parar de chover.
Barragens
A falta de chuvas afetou o nível das barragens de Ceraíma e Poço do Magro. No fim de janeiro, os volumes totais eram de 82,5% e 83,2%. Nesta sexta-feira (31), os volumes são de 75,3% e 76% respectivamente.
Juntas elas armazenam 65,2 milhões de metros cúbicos (m³) de água, 10 milhões a menos do que tinha após a última chuva generalizada na região.
Os dados foram disponibilizados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Paranaíba (Codevasf), responsável pela gestão dos reservatórios.