Manifestantes se reuniram na tarde deste domingo (30) em 14 capitais para denunciar o abatimento desmedido de jumentos no Brasil.
Em São Paulo a manifestação ocorreu na Avenida Paulista, e em Brasília, no Eixão do Lazer. Já em Salvador os defensores da causa se reuniram no Farol da Barra.
O ato, chamado Quinta Ação Nacional Contra o Abate de Jumentos, estava previsto para ocorrer também em mais 14 capitais do país. O objetivo é pedir o fim da permissão do governo federal e do governo do estado da Bahia para o abate desses animais.
A Frente Nacional de Defesa dos Jumentos, organização que promoveu a manifestação, argumenta que os animais correm o risco de serem extintos para atender a uma demanda de produção do ejiao, produto extraído do colágeno da pele do animal e utilizado na China como medicamento.
O coordenador jurídico da Frente Nacional de Defesa do Jumentos, Yuri Fernandes Lima,, explicou à reportagem da Agência Brasil que o abate está concentrado em três abatedouros localizados na Bahia.
“Esses abatedouros têm autorização federal para exportação, o SIF [Serviço de Inspeção Federal]. E a gente pede o fim [da autorização para] o abate, porque essa atividade está levando o jumento à extinção”, destaca.
De acordo com o advogado, não há uma cadeia produtiva organizada para o abate do animal. “A atividade é extrativista. Não tem criação, não tem cadeia produtiva, eles simplesmente coletam, compram, às vezes até furtam, e levam os animais para fazendas de espera. Depois para os abatedouros. Aí eles abatem e exportam a pele pra China”, ressalta.
Histórico
Em 2018, a frente que atua defesa dos jumentos ajuizou uma ação civil pública na Justiça Federal em Salvador e conseguiu suspender liminarmente os abates. Em 2019, no entanto, a liminar foi cassada por decisão do vice-presidente do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1). Em 2022, a frente conseguiu restabelecer a liminar no TRF-1.
“Só que havia uma decisão anterior, de setembro de 2021, do mesmo órgão, em sentido contrário. Então a União, principalmente, está comentando que vale a primeira decisão, a mais antiga, no sentido de manter a suspensão da liminar, ou seja, manter os abates. E a gente está alegando que vale a segunda decisão, mais recente, de fevereiro de 2022, que proíbe o abate. Estamos agora nessa celeuma jurídica”, diz Lima.
De acordo com a Frente, apenas em abatedouros sob o Serviço de Inspeção Federal no estado da Bahia, 78.964 jumentos foram abatidos entre fevereiro de 2021 e junho de 2022, números que não abrangem as mortes que ocorrem durante o transporte nem as causadas por doenças. Já a queda do número desses animais no país pode chegar a 38%, de 2011 a 2017, segundo dados citados pela frente.