Capa do disco Clube da Esquina - 1972
Clube da Esquina

Lô Borges: Conheça a importância do Clube da Esquina, álbum que ajudou a redefinir a música brasileira

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A música popular brasileira acordou de luto nesta segunda-feira, 3 de novembro. Morreu na noite deste domingo (2), aos 73 anos, o cantor, compositor e multi-instrumentista Lô Borges. A partida de Lô silencia uma das vozes mais melódicas de Minas Gerais e encerra um capítulo fundamental da geração que ficou conhecida como “Clube da Esquina”.

A morte de Lô Borges após duas semanas internado por intoxicação medicamentosa torna urgente revisitar a obra que ele ajudou a criar e que o imortalizou: o álbum duplo “Clube da Esquina”, de 1972.

Mais do que um disco, o “Clube da Esquina” foi um movimento. Numa época dominada pela Bossa Nova e pelo Tropicalismo, um coletivo de músicos mineiros, liderados por um já estabelecido Milton Nascimento e um jovem Lô Borges (então com apenas 19 anos), decidiu romper todas as barreiras.

O álbum, com sua icônica capa dos dois meninos, é considerado por críticos e músicos, nacional e internacionalmente, como um dos discos mais perfeitos já feitos. Sua importância reside na fusão sonora que propôs: era MPB, mas era também rock progressivo, jazz, folk, música clássica barroca mineira e ecos dos Beatles.

Se Milton Nascimento era a voz universal e a força ancestral do projeto, Lô Borges era o coração pop e a alma do rock. Foi ele quem trouxe a influência direta dos Beatles para as harmonias sofisticadas do grupo.

Lô é a voz principal e o compositor (ou co-autor) de hinos que definiram a estética do álbum, como “O Trem Azul”, “Paisagem da Janela”, “Um Girassol da Cor de Seu Cabelo” e “Para Lennon e McCartney”.

Gravado em 1972, em plena ditadura militar, o “Clube da Esquina” usava a poesia e a metáfora (com letristas geniais como Fernando Brant e Ronaldo Bastos) para falar de liberdade, amizade, natureza e da “estrada”.

A partida de Lô Borges deixa órfã a esquina de Santa Tereza, em Belo Horizonte, onde o movimento nasceu. No entanto, o “Clube da Esquina” permanece como um testamento da colaboração e da inovação. Não é apenas um álbum; é um som que define o Brasil, um refúgio musical que influenciou todas as gerações seguintes, do pop-rock dos anos 80 (como Skank e Jota Quest) à música independente contemporânea.

Milton Nascimento e Lô Borges não são os meninos da capa do disco “Clube da Esquina”.

Essa é uma das lendas mais famosas da música brasileira. Por muitos anos, acreditou-se que os dois meninos fossem Lô Borges e Milton Nascimento quando crianças.

Na verdade, os meninos da foto são José Antônio Rimes (Tonho) e Antônio Carlos Rosa de Oliveira (Cacau). A foto foi tirada em 1971 pelo fotógrafo Cafi (Carlos Filho), em uma estrada rural perto de Nova Friburgo (RJ). Cafi estava de passagem e viu os dois meninos em uma cerca, achou a cena bonita e fotografou da janela do carro.

Os dois só descobriram que estampavam uma das capas mais famosas do Brasil 40 anos depois, em 2012, quando foram localizados por uma reportagem do jornal Estado de Minas.


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